Influencers digitais viajaram clandestinamente por mais de 10 horas em trem de carga; a Rumo Logística afirma que a prática é ilegal, com risco de morte
Um grupo foi flagrado, na descida da serra, em cima de um trem de carga, em um trecho entre Cipó Embu-Guaçu, na região Metropolitana de São Paulo, e São Vicente, na Baixada Santista. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, os influenciadores Martins do Grau, Gui do Grau, Gui Fernandes e Gustavo são vistos em cima do trem em movimento e, em outro momento, sobre a plataforma entre os vagões.
Em entrevista à reportagem, o influenciador Lucas Martins, conhecido por praticar manobras radicais em motos, contou que a ideia de fazer o trajeto surgiu após ele ver um trem parado em Embu-Guaçu, durante uma gravação. "Eu vi os trens parados lá, já resolvi subir. Foi aí que surgiu a ideia dos conteúdos. Depois disso, o pessoal pedia: 'esse trem vai para a praia'. Foi aí que meu primo, Gui Grau, entrou na jogada. Ir à praia era nossa primeira loucura do ano", explicou Lucas.
O grupo iniciou o trajeto na manhã de sábado (20), e esperou o trem passar. Quando ele chegou, subiram e começaram a viagem. "A gente sabia que era perigoso, mas a gente queria fazer uma loucura, mas estudamos bem o trajeto. A gente ficou em cima do trem até o túnel 5, onde a fiscalização parou a gente e disseram (sic) que era melhor a gente sair de cima do trem e ir ao meio dos vagões", disse Lucas.
O grupo seguiu o conselho dos guardas e continuou a viagem no meio dos vagões. No entanto, eles foram parados novamente no túnel 3. "O trem parou por uma hora e meia e a gente ficou desesperado pensando que a fiscalização ia aparecer de novo", disse Lucas. "Quando o trem começou a andar, já estava escuro e faltavam só dois túneis para a gente descer."
Após mais de 10 horas de viagem e enfrentando sol e chuva, o grupo conseguiu descer do trem em segurança na área continental de São Vicente e foi encontrado por amigos, que esperavam por eles. Após concluir a viagem clandestina, os influenciadores foram para Praia Grande e tomaram banho de mar.
O que diz a autoridade ferroviária
A pedido da reportagem, a Rumo Logística, concessionária responsável pela malha ferroviária em São Paulo, analisou as imagens e informou que a prática é ilegal, com risco de morte. A empresa informa ainda que é expressamente proibida a circulação de pessoas não autorizadas nas áreas operacionais da ferrovia.
“Nem sempre o maquinista consegue visualizar situações em que pessoas se colocam em risco, em razão do tamanho das composições. Sendo assim, é fundamental redobrar os cuidados e não adotar práticas que colocam a vida em risco, como pegar carona no trem ou tentar atravessar entre os vagões parados ou em movimento”, disse.
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Lenildo Silva
Cursa jornalismo na Faculdade Estácio