MORTO EM COMUNIDADE

“Se fosse branco em Pitangueiras estaria vivo”, desabafa irmã de soldado morto por PMs em Guarujá

Militar negro de 20 anos foi morto durante operação policial na comunidade Vila Baiana. Familiar nega versão da PM de que jovem estaria armado com fuzil e que reagiu à abordagem

Da redação
Publicado em 13/06/2023, às 16h03 - Atualizado em 14/06/2023, às 09h03

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Soldado Marcos Muryllo, morto durante operação da PM em comunidade no Guarujá no domingo (11). Familiares refutam versão da polícia Capa - “Se fosse branco em Pitangueiras estaria vivo”, desabafa irmã de soldado morto por PMs em comunidade no Guarujá Vária - Imagem: Acervo Familiar / Marcus Muryllo
Soldado Marcos Muryllo, morto durante operação da PM em comunidade no Guarujá no domingo (11). Familiares refutam versão da polícia Capa - “Se fosse branco em Pitangueiras estaria vivo”, desabafa irmã de soldado morto por PMs em comunidade no Guarujá Vária - Imagem: Acervo Familiar / Marcus Muryllo

A técnica de enfermagem de 23 anos, Mayra Costa, rechaçou a versão da PM de que uma reação de seu irmão, o soldado Marcos Muryllo Costa, supostamente armado com um fuzil, teria levado à morte dele durante uma operação policial na Vila Baiana, uma comunidade em Guarujá.

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“Tem muita testemunha que mora lá. As testemunhas disseram que meu irmão gritava, ‘sou militar, sou militar’. E falavam pra ele, ‘você vai morrer’”, disse Mayra à reportagem nesta terça-feira (13). “Viraram ele de costas e alvejaram ele. É uma dor imensa, imensa, você perder alguém dessa forma, porque sabe o tanto que ele sofreu”, completou a jovem com a voz embargada.

Família nega versão da PM

Na noite de domingo (11), Marcos Muryllo Costa foi morto durante uma operação da Polícia Militar na comunidade da Vila Baiana, em Guarujá. Dias antes, um vídeo de criminosos armados na mesma comunidade viralizou nas redes sociais. Outros dois homens, de 38 e 40 anos, foram presos em flagrante por tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo na mesma operação.

Na segunda-feira, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) disse que Marcos entrou em luta corporal com um dos policiais, apontando um fuzil em sua direção. Segundo informações da ocorrência, uma identificação funcional do Exército Brasileiro em nome de Marcos Muryllo foi encontrada em seu poder.

Contatado, o Comando Militar do Sudeste não informou se o Exército pretende adotar alguma providência sobre o caso. Segundo informações de hoje do portal g1, o Exército Brasileiro disse que as circunstâncias da morte dele estão sendo apuradas e confirmou que o jovem era soldado da Bateria de Comando do Comando de Defesa Antiaérea em Guarujá (SP).

A versão dos policiais no boletim de ocorrência aponta que durante luta corporal com um dos agentes iniciada na abordagem, Marcos sacou um fuzil "que estava em bandoleira presa na lateral do corpo dele" e, por isso, foi fatalmente alvejado por dois agentes.

“A gente quer prova, a gente quer que prove que esse fuzil era dele. Meu irmão nunca foi envolvido com nada, nunca. Eles colocaram do lado do meu irmão um fuzil”, afirma Mayra. “Meu irmão era um homem negro que cresceu em comunidade. E não é porque é preto e de comunidade que é bandido. Eu acho que se meu irmão fosse branco e estivesse em Pitangueiras [bairro de alto padrão em Guarujá], nem olhar para ele eles olhavam”.

Questionada sobre o conflito entre a versão da família de Marcos e a da Polícia Militar, A SSP disse que a equipe de policiais envolvidos na operação terá a conduta investigada em um inquérito policial militar, mas não respondeu porque, se o soldado portava um fuzil, ele não foi contido de forma não letal desde o início da abordagem policial. O órgão também não respondeu se está de acordo com os protocolos de abordagem da PM permitir que um suspeito portando um fuzil em uma bandoleira entre em luta corporal com um dos agentes e saque a arma.

Segundo familiares, Marcos foi sepultado na manhã de hoje no cemitério da Saudade em Guarujá em meio a um sentimento de dor misturado com revolta. 

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“Um menino cheio de sonhos, que ia se formar cabo em 15 dias, que era o sonho da vida dele. Ele pensava sempre no próximo antes dele. Era feliz”, disse Mayra que completou: “Além de ele ter sido alvejado, ele foi chutado no rosto. Estava muito machucado, muito machucado. A gente quer justiça. Encontrar os culpados e eles pagarem na Justiça o que eles fizeram”.

Atualização: esta matéria foi atualizada às 8h20 de 14/06 para incluir posicionamento da SSP, emitido após a publicação da primeira versão. 

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