Lesma-do-mar tem a capacidade de armazenar e potencializar toxinas utilizadas em sua defesa; cientista do litoral paulista deve iniciar um estudo sobre o animal no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo
Um molusco azul e bem pequeno, conhecido como dragão azul (Glaucus atlanticus), foi flagrado, na terça-feira (15), em uma praia de Peruíbe, no litoral de São Paulo, e chamou a atenção de uma moradora que pretende iniciar um estudo sobre o animal no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.
Gemany Caetano fotografou o animal, predador de caravela-portuguesa (Physalia physalis), na faixa de areia da praia do Guaraú, após andar dois quilômetros procurando os animaizinhos azuis.
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“Tenho acompanhado nas mídias sociais que eles têm aparecido em vários locais do litoral brasileiro e fico feliz por outras pessoas terem a mesma oportunidade que tive de vê-los. O dragão azul é uma das criaturas mais bonitas do planeta”, explicou a futura bióloga em entrevista ao Portal Costa Norte.
Segundo Germany, a primeira vez que avistou um dragão azul foi em 2018. A partir dali, ela se interessou pelo molusco azul e começou a pesquisar.
“Busquei na internet dados sobre o dragão azul e vi que haviam poucas informações sobre eles aqui no Brasil. Consegui um artigo em português de uma grande pesquisadora, a saudosa Doutora Marta Vanucci, que fala sobre a ocorrência do Dragão Azul no litoral de São Paulo. Isso foi despertando em mim o interesse em estudá-los”, disse.
A futura bióloga afirmou que vai iniciar, em 2022, uma sinopse taxonômica por meio de um estudo realizado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.
De acordo com Germany, a sinopse vai reunir um levantamento de toda literatura disponível do grupo. “A morfologia será investigada através do estudo de espécimes depositados em museus brasileiros e internacionais. O que é uma grande honra” finalizou.
Este animal é um tipo de lesma-do-mar e é pelágico, ou seja, vive em alto mar, longe da costa e mede em torno de 4 cm de comprimento. O dragão azul flutua na superfície dos oceanos, de boca para baixo e é predador de organismos maiores, como, por exemplo, as águas-vivas caravelas.
O perigo dos dragões azuis vem da sua capacidade de injetar células urticantes (nematocitos) na pele dos seres humanos. Apesar disso, em virtude de seu tamanho e por viver longe da costa, o risco de acidentes é baixo.
Na verdade, quem deve temer o dragão azul é a caravela-portuguesa, principal animal de sua dieta. Sua imunidade à toxina das caravelas permite armazená-la em sacos especializados que ficam nas pontas dos seus apêndices.
Um dragão azul foi avistado na praia da Riviera de São Lourenço, em Bertioga, litoral do estado de São Paulo. O encontro aconteceu no feriado de 7 de setembro, quando a arquiteta Dalma Mesquita Ferreira caminhava pela faixa de areia. Veja o vídeo.
"Ao encontrar animais na praia, o ideal é não mexer, por precaução a ferimentos e queimaduras e por respeito àquela vida que, provavelmente, já está em sofrimento. Se possível, reporte o encontro ou solicite resgate", aconselha a arquiteta.
Dalma sugere a disponibilização de um contato mais rápido com especialistas, biólogos ou órgãos públicos que possam encaminhar as ocorrências.
"Através de placas na praia, meios de comunicação e folhetos informativos, por exemplo" e completa: "Somente com educação e informação [a preservação da espécie] se transformará em um comportamento".
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