GIRL POWER

Santos: Museu Pelé recebe exposição sobre as mulheres no futebol

Exposição apresenta a história de resistência das mulheres brasileiras, que foram proibidas por lei de jogar bola; história local tem módulo especial

Redação
Publicado em 28/11/2023, às 10h21

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Exposição será aberta na sexta-feira, 1º de dezembro - Divulgação
Exposição será aberta na sexta-feira, 1º de dezembro - Divulgação

O Museu Pelé, localizado no Centro Histórico de Santos, vai contar com uma nova atração a partir de sexta-feira, 1º de dezembro. Em uma parceria com o Museu do Futebol, a Casa do Rei abre a exposição CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol, que vai ficar em cartaz na sala de exposições temporárias até 31 de março de 2024, de terça a domingo, das 10h às 17h30. Lembrando que a entrada no museu é gratuita.

A mostra apresenta a história de resistência das mulheres brasileiras, que foram proibidas por lei de jogar bola entre 1941 e 1979. Trata-se de uma versão itinerante da exposição montada no Museu do Futebol em 2019, que teve mais de 200 mil visitantes, com curadoria das pesquisadoras Aira Bonfim, Silvana Goellner e Lu Castro, além da ex-jogadora e atual dirigente da CBF, Aline Pellegrino.

A cada cidade por onde passa, CONTRA-ATAQUE! ganha um módulo especial sobre a história do futebol de mulheres na cidade. Com pesquisa realizada por Daniela Lima, o módulo contará como as mulheres de Santos, que logo se organizaram para jogar bola após a queda do decreto-lei que as impedia de praticar futebol.

Museu do Pelé
O Museu Pelé fica no Largo Marquês de Monte Alegre, no Valongo - Luciana Sotelo / Arquivo CN

Conteúdo

Logo na entrada, o público vai entender o contexto de preconceito e machismo que levou ao decreto-lei assinado pelo presidente Getúlio Vargas proibindo às mulheres “a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. O ator Antonio Fagundes e a atriz Patrícia Pillar interpretam em áudio cartas publicadas em jornais de 1940, respectivamente contra e a favor do futebol de mulheres, ilustrando como a opinião pública debatia a questão. 

A exposição mostra como as mulheres brasileiras deram um jeito de continuar jogando mesmo sob a proibição - por exemplo, em partidas disputadas como atrações de circo. Em seguida, os visitantes poderão ver como a modalidade começou a se desenvolver depois que a proibição caiu, em 1979, e especialmente após a regulamentação, em 1983, com muita precariedade e falta de apoio até o final da década de 2010. Um exemplo dessa precariedade é que a seleção feminina jogou com os uniformes da masculina até 2019, quando finalmente foi desenvolvido um modelo próprio para mulheres. 

O público verá também um apanhado de frases preconceituosas publicadas pela imprensa e vistas nas redes sociais até hoje sobre mulheres que jogam bola. Na instalação audiovisual, as frases são reescritas para deixar de fora palavras negativas e preconceituosas contra mulheres que jogam bola. Uma coleção de jogadas incríveis mostra o jogo bonito desenvolvido por mulheres apesar das adversidades, e deixa claro o que a modalidade poderia ser hoje se não fossem as décadas de proibição e falta de apoio.     

Futebol feminino em Santos

O fim da proibição em todo o Brasil data de 1979, porém a modalidade só foi regulamentada em 1983. Nesse mesmo ano foi organizado o primeiro Campeonato de Futebol de Salão Feminino em Santos, com o patrocínio da Companhia Antártica Paulista e do Esporte Clube Itapoã (onde eram realizados os jogos), com a supervisão técnica da Liga Santista. 

Na década de 1980, era comum que empresas e clubes se organizassem para realizar alguns jogos esporádicos. Equipes da região como o Savoy, de Guarujá, o São Paulino, da cidade de São Vicente, e a equipe local, a Cidade de Santos, participavam desses amistosos. Além do futsal, ocorriam também os torneios de futebol de praia. A maioria das equipes era composta pelos mesmos times de empresas praticantes do futebol de quadra. 

As universidades também incentivavam as estudantes a formarem suas equipes de futebol de mulheres e realizavam os Jubas — Jogos Universitários da Baixada Santista —, que contavam com a participação das equipes da Faculdade Aelis, dos cursos de Medicina, Odontologia, Tecnologia, da Faculdade de Educação Física de Santos e da Faculdade do Carmo, para citar as mais atuantes. Esses campeonatos movimentavam a cidade.

O futebol de mulheres avançou em meados de 1990 na região da Baixada Santista. A Liga Santista de Futsal tomou forma, e os campeonatos começaram a acontecer com mais frequência, agora com a participação de atletas de todas as idades.

A partir de 2000 as Sereias da Vila ganharam protagonismo e realizaram grandes conquistas para o Santos Futebol Clube, como o bicampeonato da Libertadores Feminina, o bi da Copa do Brasil, campeonatos paulistas, entre outras tantas taças levantadas. É toda essa trajetória que o visitante poderá ver de perto no Museu Pelé.

A exposição conta com Apoio da Rede de Memória do Esporte, parceria do Museu Pelé e da prefeitura de Santos, e é uma realização do Sistema Estadual de Museus - Sisem e Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do governo de São Paulo.

Museu Pelé

Instalado nos antigos Casarões do Valongo (reconstruídos), no Largo Marquês de Monte Alegre, no Valongo, o Museu Pelé apresenta a incrível trajetória de Edson Arantes do Nascimento, o Rei do Futebol. No local, estão expostos documentos, camisas, chuteiras, bolas, condecorações e troféus, entre muitos outros itens do acervo pessoal do Atleta do século 20. Nos 4.134m² do museu, o público também aprecia áudios, filmes, fotos e textos sobre a história de Pelé.

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