NATUREZA

Ressaca desenterra baleias em estado de decomposição no litoral de SP

Dois animais da espécie jubarte que já estavam enterradas voltaram à praia após a agitada ressaca marinha atingir a cidade semana passada

Rebeca Freitas
Publicado em 03/10/2023, às 14h43 - Atualizado às 15h14

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Baleia encalhada no Araçá já está em estado de decomposição - Sonia Zanini/Facebook
Baleia encalhada no Araçá já está em estado de decomposição - Sonia Zanini/Facebook

Uma baleia em estado de decomposição foi desenterrada pela ressaca na Praia do Araçá, em Ilha Comprida, na sexta-feira (29). Semana passada, uma ressaca marítima intensa atingiu a cidade. A gestão municipal confirma o desenterramento de outra jubarte na quinta (28). Boa parte da comunidade do Pereirinha, na área vizinha, em Ilha do Cardoso, foi destruída pela maré alta. 

Nos comentários de uma publicação no Facebook, internautas indicaram ser uma baleia cachalote, mas o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), afirma que essa não é uma espécie comum na região. “Pela estrutura do corpo acreditamos que seja uma jubarte. Pelas fotos, não parece nem que a cabeça está inteira. Não tem caudas. As nadadeiras, que é uma parte do corpo que a gente usa para fazer a identificação, também já se foram. Por essas linhas mais escuras que ela tem na região do ventre, aparenta ser uma jubarte”, aponta o Instituto. 

O Instituto é responsável pelo monitoramento das praias da Ilha Comprida, Ilha do Cardoso e Juréia. As equipes fazem a fiscalização da faixa de areia e quando o animal ainda está fresco eles coletam material para realizar a necrópsia. Depois disso, cabe à prefeitura enterrar estes animais. “Quando a gente encontra uma baleia, a gente informa a prefeitura, porque a gente não tem como tirar. É um animal muito grande e pesado, mesmo que sejam filhotes ou juvenis, têm seis ou sete metros. Então a prefeitura cava um buraco para enterrar essa baleia e ela se decompor embaixo da areia, terminando o ciclo dela sem exalar cheiros e causar qualquer tipo de contaminação para a população”, explica o IPeC. 

beleia comida por urubus
Animais mortos viram alimento para outras espécies - Milene Garcia/Facebook

Na região, é comum o encalhe de animais mortos na praia, como tartarugas, pinguins, aves em geral e lobos marinhos, mas o instituto não tem autorização para retirar as espécies da praia. “Quando o animal está fresco a gente leva para o centro de reabilitação para fazer a necrópsia. Quando já está mais decomposto, não é mais possível extrair informações daquele animal, então a gente tira ele da linha da água para que ele não seja contabilizado novamente no dia seguinte e colocamos na restinga. Existe uma solicitação dos órgãos ambientais para que a gente não tire esses animais da praia porque eles fazem parte de um ciclo. Outros animais que vivem na praia se alimentam dos restos desses animais, como urubus e carcarás”, finaliza o IPeC. 

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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