EPIDEMIA

Dengue avança no litoral paulista; confira a situação na sua cidade

Região acumula 1.718 casos confirmados, 3.252 casos prováveis e 1.535 em investigação; conheça os sintomas da doença e prevenção

Rebeca Freitas
Publicado em 17/02/2024, às 09h33 - Atualizado às 09h34

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População pode combater avanço do contágio com simples cuidados caseiros - Divulgação/Prefeitura de Ubatuba
População pode combater avanço do contágio com simples cuidados caseiros - Divulgação/Prefeitura de Ubatuba

Crescente em todo o país, a epidemia de dengue também se faz presente no litoral paulista. Do início do ano até o momento, os grupos de vigilância epidemiológica de Caraguatatuba e Santos, responsáveis pelo litoral norte e Baixada Santista, registram 1.718 casos confirmados de dengue; 3.252 casos prováveis e 1.535 em investigação.

Para Patrícia Crivelaro, enfermeira e conselheira do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo), o aumento nos casos de dengue, em 2024, pode ser atribuído a vários fatores. A dengue possui quatro sorotipos, e, cada vez que há  circulação de um novo sorotipo, aumenta o risco de epidemia, por causa da falta de imunidade na população; a eliminação correta dos criadouros, por parte da população, é fundamental para impedir a circulação do Aedes aegypti. Nesse contexto, as ações educativas e territoriais, como a aplicação de inseticidas e larvicidas, pelas secretarias de Saúde, são essenciais durante todo o ano.

Outro ponto destacado é a vulnerabilidade da população, mesmo com a implementação da vacina pela rede pública. Até o momento, apenas alguns municípios foram contemplados; apenas 11 no estado de São Paulo, devido às estratégias de distribuição do governo. Além disso, a vacina está disponível apenas para alguns grupos, inicialmente, a faixa etária de 10 a 14 anos. Apesar dessas limitações, Patricia enfatiza que a vacina representa o início de uma grande vitória no combate à dengue.

Sintomas e cuidados 

agentes dengue
Agentes de Praia Grande no combate à dengue - Divulgação/ Praia Grande

Conforme Lilian Avilla, infectologista do hospital Edmundo Vasconcelos, os sintomas da dengue podem variar desde a forma assintomática, até quadros graves, com hemorragia e choque, apresentando risco de óbito. “Os sinais mais comuns incluem febre, dores musculares e dor de cabeça. Em casos confirmados, sintomas menos frequentes, mas relatados, envolvem náuseas e vômitos, dor nas costas, desconforto no fundo dos olhos, dores nas articulações e o aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo”, afirma a médica.

A população pode combater o avanço da doença com simples cuidados caseiros, que devem ser realizados ao menos uma vez por semana, como verificar se a caixa d’água e as lixeiras estão bem tampadas; retirar pratos debaixo dos vasos de plantas ou preenchê-los com areia; limpar calhas, bandeja coletora de água do ar-condicionado e bandeja externa da geladeira; tratar a água da piscina e trocar a água dos pets, diariamente.

Monitoramento da doença 

Recentemente, o  governo estadual lançou o Painel de Monitoramento da Dengue. A plataforma permite a consulta em tempo real dos casos notificados, dos casos em investigação, dos confirmados e dos descartados, além daqueles de dengue grave e dos óbitos causados pela doença, no estado. É possível aplicar o filtro de data e grupo de vigilância epidemiológica. 

Número de casos confirmados por cidade:

  • Peruíbe 

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 24 casos de dengue foram registrados em 2024, conforme dados coletados até quinta-feira (15). Não houve óbito. Como estratégia para tentar frear o avanço da dengue, a cidade tem feito reuniões do Comitê Municipal de Arboviroses e ações programadas do tipo mutirão, em locais de maior incidência, que incluem orientações à população, recolhimento de insensíveis e eliminação de possíveis criadouros.

  • Itanhaém

Em janeiro de 2024, Itanhaém registrou 14 casos de dengue, enquanto que, no mesmo período de 2023, foram três. O município tem 34 pessoas aguardando exames para diagnóstico. Os agentes de combate a endemias da prefeitura de Itanhaém executaram a Avaliação de Densidade Larvária (ADL), em janeiro. Essa iniciativa, realizada quatro vezes ao ano (janeiro, abril, julho - em âmbito estadual - e outubro - em âmbito federal), visa avaliar a infestação do mosquito no município. 

Além da ADL, a prefeitura promove ações educativas, bloqueios, visitas a ferros-velhos, reciclagens e vistorias em imóveis especiais, como prédios públicos e particulares de grande porte, com alta concentração de pessoas, para reforçar a importância da prevenção da dengue.

  • Praia Grande

Em janeiro de 2024, Praia Grande registrou 14 casos de dengue e nenhuma morte. Em janeiro de 2023, foram 3 casos. Os agentes de combate às endemias percorrem bairros e visitam as residências, para a realização do bloqueio de criadouros, além de orientar a população para evitar o surgimento de locais propícios para a criação de larvas do vetor das doenças. Também estão sendo visitados pontos estratégicos, caso de cemitério, desmanche de veículos, borracharias e locais de reciclagem de materiais.

  • São Vicente 

São Vicente registrou 26 casos de dengue no município em janeiro deste ano. No ano anterior, foram 13, no mesmo período. Segundo a Secretaria da Saúde, não houve nenhum óbito em decorrência da doença. A Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) tomou medidas preventivas contra a dengue, por meio de seus agentes de combate às endemias. As ações incluem orientações nas Unidades Básicas de Saúde, mutirões em áreas com casos suspeitos e alto índice larvário, além de palestras e teatros nas unidades escolares, para conscientização da comunidade.

  • Santos

Em Santos, nas semanas epidemiológicas de 1 a 6, de 2024, foram confirmados sete casos de dengue e dois, de chikungunya, sem óbitos registrados. Os dados são provisórios, aguardando resultados de exames. A Secretaria de Saúde adota medidas preventivas, como visitas a imóveis, orientações sobre limpeza de ralos e estratégias ao longo do ano, como mutirões, nebulização, monitoramento de armadilhas e atividades educativas. O próximo mutirão está agendado para o bairro Ponta da Praia, em 21 de fevereiro.

  • Guarujá

A Secretaria de Saúde de Guarujá registrou 131 casos de dengue neste ano, sem óbitos. Medidas preventivas para combater o Aedes Aegypti no município incluem nebulização em bairros, visitas domiciliares por agentes de controle de endemias e uso de larvicida. 

A cidade implementa o serviço de nebulização veicular (fumacê) em nove bairros, até 7 de março,  em áreas com incidência de casos. A população é orientada sobre cuidados durante a nebulização. Além disso, a Secretaria realiza pré e pós-captura de mosquitos, teatro de fantoches nas escolas e intensifica a nebulização  em áreas notificadas por casos de dengue.

  • Bertioga
dengue bertioga
Número de agentes de endemias em Bertioga foi reforçado em 2024 - Divulgação/ Bertioga

Segundo a Secretaria de Saúde de Bertioga, até o momento, foram confirmados 723 casos de dengue, em 2024. A pasta identifica e notifica os casos, por meio dos testes rápidos NS1, realizados em todos os sintomáticos que buscam atendimento clínico na unidade de Pronto Atendimento Municipal. Após a confirmação dos exames como positivo, são lançados no sistema Sinan -Sistema de Informação de Agravos de Notificação.

Além da testagem em todos os pacientes sintomáticos, e da notificação compulsória obrigatória, o município trabalha com ações de bloqueio e eliminação de focos e criadouros do mosquito, por meio dos Agentes de Controle de Endemias e da Vigilância Sanitária, com intimações e autuações dos proprietários dos imóveis que não atendam às normas sanitárias do controle das arboviroses. Além disso, o município ampliou o número de agentes de endemias para ações de combate e controle dos vetores.

  • São Sebastião 

De janeiro a fevereiro de 2024, São Sebastião registrou 149 casos de dengue. No mesmo período do ano passado, foram apenas 36. A cidade não registra óbitos pela doença. 

  • Ilhabela 

Segundo a Secretaria de Saúde de Ilhabela, entre 1/1/2024 até 14/2/2024, foram 137 casos de dengue confirmados. Não houve óbito pela doença até o momento. No mesmo período, em 2023,  foram contabilizados 82 casos confirmados.

Para conter a proliferação do Aedes aegypti, os agentes de saúde realizam vistorias nas casas, com intuito de eliminar criadouros. Além disso, estão sendo realizadas ações de mobilização social, com enfoque no autocuidado em prevenção à doença, além do mapeamento de locais para acolhimento de casos suspeitos, caso a demanda requeira ajustes nos fluxos de atendimento.

Os profissionais de saúde passam por capacitação em toda rede do Sistema Único de Saúde (SUS), na parte de manejo clínico da doença. Também estão sendo disponibilizados testes rápidos para dengue, em todas as Unidades Básicas de Saúde, e disponibilidade de estoque para os insumos estratégicos (medicação, soro de hidratação e outros), destinados à assistência de um paciente com suspeita de dengue.

Entre outras ações, destacam-se a instalação e manutenção da Sala de Comando, a realização do Plano de Contingência, aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde (Comus), a contratação emergencial de agentes de saúde destinados à linha de frente contra o Aedes aegypti, os mutirões de vistoria em imóveis, com o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde e a nebulização com inseticida.

  • Caraguatatuba

Em 2024, Caraguatatuba já registrou 144 casos de dengue e nenhum óbito. Ano passado, foram 14 casos neste período. A prefeitura utiliza drones para fiscalizar imóveis fechados e combater potenciais focos do Aedes aegypti. Essa medida segue a Lei Federal nº 13.301, de 2016, que permite o ingresso forçado em imóveis públicos e privados, para controle de doenças transmitidas pelo mosquito, especialmente, em casos de recusa de acesso pelos proprietários. 

A presença da Polícia Militar ou da Guarda Civil Municipal é autorizada para auxiliar na fiscalização, em caso de recusa dos proprietários à vistoria pelos agentes de combate a endemias.

  • Ubatuba 

Em Ubatuba, no mês de janeiro, foram registrados 428 casos de dengue. Em fevereiro, já são 94, fora casos suspeitos que aguardam exame. No mesmo período do ano passado, foram confirmados apenas 10 casos. A cidade não registrou casos de morte por dengue. Todos os dados sobre dengue e demais arboviroses, são atualizados toda segunda-feira e podem ser conferidos no link. A prefeitura afirma que intensificou o combate ao mosquito, inclusive com um calendário de mutirões, que pode ser conferido aqui

* A prefeitura de Mongaguá não retornou os contatos da reportagem, até o momento da publicação desta matéria.

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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