POLIOMIELITE

Quase uma em cada duas crianças da Baixada Santista ainda não foi vacinada contra paralisia infantil

Nenhuma cidade da região chega sequer a 65% de vacinação contra a poliomielite. Meta do Ministério da Saúde é de 95%. Baixa cobertura e casos no exterior incluíram Brasil na lista de países sob alto risco de retorno da doença que pode provocar paralisia dos braços e pernas

Thiago S. Paulo
Publicado em 21/10/2022, às 13h02 - Atualizado às 15h40

FacebookTwitterWhatsApp
campanha de multivacinação e poliomielite - © Marcelo Camargo/Agência Brasil
campanha de multivacinação e poliomielite - © Marcelo Camargo/Agência Brasil

Resumo

Mais de 46 mil crianças não vacinadas contra a pólio na Baixada Santista

Vacinação contra a poliomielite em São Paulo e no Brasil

Vacinação contra a poliomielite na Baixada Santista

Os números da vacinação na região

Mesmo após sucessivos prolongamentos da Campanha Nacional de Vacinação contra a poliomielite, nenhuma entre as nove cidades da Baixada Santista chega a 65% de cobertura. De 99 mil crianças com até cinco anos na região, mais de 46 mil ainda não foram imunizadas contra a doença. 

No PNI (Programa Nacional de Imunizações), o esquema de vacinação das crianças é composto por cinco doses ministradas dos dois meses ao final dos quatro anos. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 95% delas - este percentual é considerado como necessário para a cobertura de proteção. 

Em crianças infectadas, a poliomielite pode causar uma série de complicações. Nos casos severos, a doença pode provocar paralisia dos braços e das pernas e problemas no sistema respiratório. A doença, que não tem tratamento específico, tem na vacinação sua única forma de prevenção.

Com campanhas de imunização que já chegaram a 100%, o último caso de pólio notificado no Brasil foi em 1989. Porém, após uma sucessão de baixas coberturas vacinais desde 2016, além de casos confirmados em regiões do mundo onde a doença parecia erradicada, incluindo os Estados Unidos, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) incluiu o Brasil na lista de países que estão sob alto risco de retorno da doença. 

Vacinação contra a poliomielite em São Paulo e no Brasil

Dados do último painel de imunização do Ministério da Saúde, que contabiliza a vacinação até ontem (20), mostram que, proporcionalmente, as cidades da região da Baixada Santista vacinaram menos contra a pólio que o estado de SP, cuja vacinação chegou a 65%, e que o Brasil que chegou a 68%.

No âmbito estadual, mais de 1,5 milhão de crianças ainda não foram vacinadas contra a paralisia infantil. Nacionalmente, mais de 3,4 milhões.

Vacinação contra a poliomielite na Baixada Santista

Um levantamento da reportagem com base nos dados do painel e das prefeituras mostra que das 99.757 crianças com idade entre dois meses e cinco anos da Baixada Santista, pouco mais da metade foram vacinadas até ontem (20). Mais de 46 mil crianças da região ainda estão expostas a um possível retorno da paralisia infantil.

Ainda distante dos 95%, Mongaguá detém o índice mais alto de vacinação entre as cidades da região com  63 em cada 100 crianças com o ciclo de vacinação contra a pólio em dia. Depois vem Guarujá com 60 em cada 100 e Bertioga com 59 em cada 100 (veja a lista abaixo).

Até agora, Itanhaém vacinou 57 em cada 100 crianças e Praia Grande e Cubatão vacinaram 56 em cada 100. A prefeitura de Praia Grande informou um número divergente daquele do Ministério da Saúde. Segundo o órgão, a taxa municipal de vacinação no município é de 85%, o que destoa dos números das outras cidades do estado de São Paulo e também do país.

Peruíbe e Santos não vacinaram nem metade das crianças. A primeira vacinou 48 em cada 100 e a segunda 41 em cada 100. A prefeitura de Santos disse que entre as crianças de dois a seis meses, idade em que são aplicadas três das cinco doses contra a pólio, a cobertura é de 75%.

Com uma das maiores populações infantis da Baixada Santista, São Vicente, que tem quase 20 mil crianças entre dois meses e cinco anos, vacinou pouco mais de um terço. De cada 100 crianças da cidade, 64 ainda não foram vacinadas contra a paralisia infantil.

A reportagem questionou todas as gestões municipais sobre quais providências estão sendo adotadas para ampliar a cobertura de vacinação contra a poliomielite. A prefeitura de Bertioga disse que tem estendido os horários de vacinação em parte das unidades de saúde. Santos disse que seleciona e mantém abertas unidades de saúde aos sábados e domingos.  As demais prefeituras não se manifestaram.

As crianças podem ser imunizadas durante todo o ano em postos de saúde. 

Os números da vacinação contra a poliomielite da Baixada Santista

Fonte: Ministério da Saúde

Total de crianças com idade entre dois meses e cinco anos da Baixada Santista: 99.757

Porcentagem de vacinação contra a poliomielite da Baixada Santista: 53,35%

Santos

17.008 crianças

41,92% de cobertura

Praia Grande

19.117 crianças

56,88%  de cobertura

São Vicente

19.666 crianças

36,68% de cobertura

Guarujá*

18.450 crianças

60% de cobertura

Cubatão

7.511 crianças

56.01% de cobertura

Mongaguá

3.352 crianças

63,48% de cobertura

Peruíbe

4.078 crianças

47,96% de cobertura

Itanhaém

6.156 crianças

57,55% de cobertura

Bertioga

4.441 crianças

59,72% de cobertura

*Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Guarujá. 

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!