OPERAÇÃO VERÃO

Operação da PM mata 30 suspeitos e prende outros 681 no litoral de SP

Terceira fase da Operação Verão, na Baixada Santista, não tem prazo para acabar, afirma o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite

Redação
Publicado em 21/02/2024, às 12h51 - Atualizado às 13h52

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A 30ª morte foi registrada na tarde de terça-feira (20), com a morte de um suspeito de 30 anos - Reprodução
A 30ª morte foi registrada na tarde de terça-feira (20), com a morte de um suspeito de 30 anos - Reprodução

A Operação Escudo, deflagrada pela Polícia Militar de São Paulo, em julho de 2023 no litoral paulista, a qual registrou 28 mortes de suspeitos, como resposta à morte de um policial da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foi rebatizada como Operação Verão, no início deste ano, e já conta com mais 30 mortes de suspeitos, que estariam em confronto com a polícia. A megaoperação iniciou depois do assassinato de outros três policiais na Baixada Santista.

 Com a 30ª morte, registrada na terça-feira (20), a atual operação já ultrapassou a do ano anterior e levou a Defensoria Pública de São Paulo a pedir à Organização das Nações Unidas (ONU) o fim da ação policial na região. De acordo com o Secretário de Segurança Pública de São Paulo Guilherme Derrite, porém, ela não tem previsão de encerramento.

O balanço da SSP revela que, além das mortes dos suspeitos, a operação resultou na prisão de 681 pessoas, das quais 254 procuradas pela Justiça por algum tipo de crime. Além disso, quase meia tonelada de drogas foi apreendida, e 79 armas ilegais foram retiradas das ruas.

A 30ª morte foi registrada na tarde de terça-feira (20), quando um homem, de 30 anos, foi atingido por tiros durante confronto com policiais militares, no bairro Saboó. Os agentes teriam se aproximado para uma abordagem e, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o suspeito correu e se escondeu em uma casa.

A pasta informou que o homem atirou contra os agentes, que revidaram. Atingido, o homem foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, mas não resistiu aos ferimentos. As armas utilizadas pelos policiais foram apreendidas. Com o suspeito, havia uma pistola calibre .380; 490 porções de maconha; 616 porções de crack; 205 porções de cocaína; um rádio transmissor e um celular.

O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial, localização e apreensão de objeto, drogas sem autorização ou em desacordo e tentativa de homicídio, no 5° Distrito Policial (DP) de Santos.

Morte de policiais

Desde o início de 2024, três policiais militares foram assassinados por criminosos, na Baixada Santista, dois agentes em menos de uma semana. No dia 26 de janeiro, o policial militar Marcelo Augusto da Silva foi morto na rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Ele foi baleado quando voltava para casa de moto. Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen. Ele integrava o 38º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) de São Paulo, e atuava como parte do reforço da Operação Verão, em Praia Grande (SP).

No dia 2 de fevereiro, o policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo morreu durante patrulhamento de rotina, na praça José Lamacchia. O agente chegou a ser socorrido na Santa Casa de Santos (SP), mas morreu na unidade. Cinco dias depois, o cabo PM José Silveira dos Santos, do 2⁰ Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), morreu ao ser baleado durante patrulhamento, no bairro Jardim São Manoel, em Santos. Na ocasião, outro policial militar foi baleado e está internado.

Polêmica

A Conectas Direitos Humanos, a Defensoria Pública de São Paulo, o Instituto Vladimir Herzog e o Fórum de Segurança Pública apresentaram denúncia à Organização das Nações Unidas (ONU) e Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) na qual questionam a retomada da Operação Escudo, agora renomeada Operação Verão.

Diz o documento: “A situação de violência na região tem se acirrado, pois, enquanto a Operação Escudo continuar a promover execuções sumárias e a política de segurança pública adotada pelo governo do Estado de São Paulo se perpetuar inalterada, a população das comunidades locais vítimas dessas ações policiais está sentenciada a viver um terror institucionalizado, correndo sérios riscos de terem seus direitos violados, serem criminalizadas e sobretudo sofrer com a violência direta contra pessoas negras."

No apelo, são feitos 11 pedidos, que podem ser conferidos aqui. Entre eles, constam o pedido pelo fim da operação e transparência nos dados relacionados às mortes decorrentes de intervenção policial em São Paulo.

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