MODA SUSTENTÁVEL

Brechós, bazares e "desapegos": a crescente tendência do consumo consciente

Bazares e brechós tornam-se tendência, promovem a reutilização de peças e impulsionam a busca por consumo consciente e sustentável

Briza Pirré Andrade
Publicado em 28/07/2023, às 16h49 - Atualizado em 31/07/2023, às 08h29

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Essas lojas, que antes eram consideradas algo inferior e de segunda mão, têm ganhado destaque tanto fisicamente quanto virtualmente, impulsionadas por diversos fatores  roupas - TV Cultura Litoral
Essas lojas, que antes eram consideradas algo inferior e de segunda mão, têm ganhado destaque tanto fisicamente quanto virtualmente, impulsionadas por diversos fatores roupas - TV Cultura Litoral

Ultimamente, os bazares, brechós e desapegos têm conquistado popularidade e ganhado visibilidade com peças que, mesmo antigas, podem tornar-se grandes trunfos no guarda-roupas de quem ama garimpar. No entanto, esta tendência não se relaciona apenas ao consumo porque também envolve sustentabilidade e consciência.

Estes tipos de loja, com peças antes consideradas inferiores e de segunda mão, têm ganhado destaque física e virtualmente e são impulsionadas por diversos fatores, como a busca por consumo mais consciente, preocupação com a sustentabilidade e valorização de estilos únicos e autênticos. Muitas pessoas veem nos brechós a oportunidade de encontrar itens exclusivos que não estão disponíveis nas lojas de varejo convencionais.

Wanda Fernandes, organizadora de um bazar de garagem em Guarujá, relata que a educação do compartilhamento nunca foi novidade para ela, pois, desde criança, herdava roupas das irmãs, incentivando a prática de trocas. Já Amanda Kelly de Souza Santos, fundadora de um brechó virtual em Bertioga, o Ditta Brechó, começou sua jornada neste nicho com a compra de roupas em bazares beneficentes com a sua avó que permitia que ela customizasse as peças. Com o tempo, percebeu a oportunidade de negócio e criou o Ditta Brechó com muito sucesso.

No Ditta Brechó, as peças são vintage e retrô, mas também com peças atuais que estejam no propósito da loja Logo do Ditta Brechó (Reprodução/ Internet)

Vitória Costa é mais uma aficionada e dona de um desapego virtual. “Acho que essas lojas fazem toda diferença na sociedade, tanto na mentalidade das pessoas que acham que são coisas velhas ou que têm energia ruim até o fato da diminuição da produção da massa de lixo que nossa sociedade com o capitalismo exacerbado cria”, afirma.

Amanda, dona do Ditta Brechó, destaca que estes estabelecimentos são ferramentas socioeconômicas incríveis, pois  oferecem oportunidades de negócio de baixo investimento, que têm mudado a vida de muitas pessoas, especialmente mulheres, mães e pessoas de baixa renda em geral, além de enfatizar o propósito ambiental por trás da reutilização de peças usadas.

Wanda acredita que este tipo de loja é bem importante porque estimula as pessoas a consumir com mais consciência e de uma forma mais sustentável, contribuindo para reduzir a emissão de gases. “Uma forma de consumir moda, de uma forma mais justa e sustentável, e não é um caminho único para isso, comprar menos é o principal deles, mas existem outras formas porque nem tudo é reciclável, né? Então se eu enjoei, eu posso trocar com um amigo, eu posso comprar de um brechó ou de marcas mais éticas, que dão um novo uso ao que seria descartado. Podem ser formas de contribuir com uma mudança de comportamento para um consumo mais consciente, de reconhecer a sua responsabilidade e se preocupar com o mundo e as pessoas e até com o tamanho do nosso guarda-roupa”.

A origem dos brechós

A origem vem de uma prática antiga nos mercados da Europa, onde se podia comprar e vender praticamente tudo. As feiras eram ao ar livre, e não havia preocupação com o fato das peças serem usadas porque higiene também não preocupava. A primeira loja de venda de roupas e objetos de “segunda mão” do Brasil, surgiu no Rio de Janeiro no século XIX, fundada por um comerciante português chamado Belchior. Originalmente, era assim (Belchior) que eram conhecidas as lojas de roupas e objetos usados; com o tempo, acabou se transformando em brechó.

A organização do espaço, a limpeza, higienização das roupas e acessórios, a boa apresentação do local e das roupas foram fatores que contribuíram para diminuir a resistência da sociedade em relação a este tipo de consumo. O brechó como loja de roupas e acessórios exclusivamentevintage é algo recente na cultura brasileira, embora exista há muito tempo em outros lugares.

Apesar de estar em alta, ainda há pessoas com preconceito por acharem que os locais têm peças ruins, passadas e com más energias, já que algumas coisas são bem usadas e antigas.

Apesar de estar em alta ultimamente, ainda há pessoas com preconceito por acharem que os locais têm peças ruins, passadas e com más energias, já que algumas coisas são bem usadas e antigas Roupas em cabide (Reprodução/ Internet)

Sobre os bazares, brechós e desapegos

As três começaram neste nicho já faz um tempo. Amanda há 12 anos, Wanda sempre fez trocas ou bazares entre amigas e conhecidas e agora está expandindo, e Vitória faz isso desde nova e há uns 3 anos já posta algumas peças no seu perfil pessoal. Todas têm resultados satisfatórios nas vendas, mesmo que leve um tempo.

Bazar das Alamandas em Bertioga

Continuando neste final de semana, o Bazar das Alamandas, organizado pela Fundação 10 de Agosto, oferece uma variedade de opções em moda, acessórios, artigos para casa, calçados e bijuterias em um ambiente descontraído e agradável na sede da instituição, na Riviera de São Lourenço.

Bazar de Garagem da Wanda em Guarujá

Será no dia 29 de julho, a partir das 14h, o Bazar de Garagem da Wanda com roupas e acessórios sustentáveis, opções em artesanato, biscoitos caseiros e peças femininas para todos os gostos e idades: na rua Rui Barbosa, 61, Vicente de Carvalho em Guarujá.

Ditta Brechó em Bertioga

É um brechó virtual de Bertioga que vende pelo Instagram e participa de feiras. As peças são vintage e retrô, mas possui peças atuais que combinam com o propósito da loja. O brechó também faz edições esporádicas de vendas na garagem, o Ditta de Garagem.

Desapego da Vitória

Vendendo suas próprias roupas, o Desapego virtual da Vitória oferece peças minimalistas usadas poucas vezes; a venda é pelo Instagram. 

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