MUITO MAIS QUE UM FERIADO

Revolução Constitucionalista: 9 de julho transcende o status de feriado

Mas afinal, o que é celebrado no dia 9 de julho? Confira tudo sobre a data instituída como feriado no estado de São Paulo, e que esse ano cai no domingo

Amanda Oliver
Publicado em 05/07/2023, às 10h08 - Atualizado às 12h06

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Arquivo Histórico
Arquivo Histórico

No próximo domingo, 9 de julho, comemora-se a Revolução Constitucionalista, conhecida como a Revolução de 32., e feriado no estado de São Paulo. A data, no entanto,  não é apenas um evento histórico abordado nos livros escolares; alguns apenas recordam seu nome ou reconhecem sua importância como uma data comemorativa.

No entanto, o impacto desse evento na política brasileira vai muito além de ser apenas um feriado no Estado de São Paulo. Ainda há pessoas vivas que testemunharam aquele momento, ocorrido há 91 anos, e, embora seja um período relativamente curto, muitos já o esqueceram.

Causa

Em 23 de maio de 1932, quatro jovens foram mortos pelas tropas de Getúlio Vargas durante um protesto contra o Governo Federal. Esse incidente gerou uma comoção intensa no país, principalmente na região sudeste, que já possuía movimentos fortes contrários ao presidente Getúlio Vargas.

Trincheira paulista nos arredores de Amparo. (Arquivo Histórico)

Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, as vítimas, se tornaram símbolos do movimento MMDC (iniciais de seus nomes). Esse movimento clandestino conspirou contra o governo provisório de Vargas.

Mas afinal, o que é celebrado no dia 9 de julho?

Esse movimento levou multidões a se unirem no levante armado em 9 de julho de 1932, uma data que hoje é lembrada como a Revolução Constitucionalista. Porém, é importante ressaltar que o governo polêmico de Getúlio Vargas é marcado por várias articulações políticas e momentos históricos que precisam ser recordados para que não se repitam.

Getúlio Vargas

O golpe de estado resultante da Revolução de 1930 foi um evento político que ocorreu no Brasil, levando à derrubada do então presidente, Washington Luís, e à ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Esse evento marcou o fim da República Velha, também conhecida como "República do Café com Leite", em que a elite agrária do Sudeste e do Sul dominava o poder. Após o golpe, teve início uma nova fase na história brasileira.

(Arquivo Histórico)

Na década de 1920, o Brasil enfrentava uma instabilidade política e econômica. A economia agrícola, baseada na exportação de café, começou a enfrentar dificuldades devido à queda dos preços internacionais e à superprodução.

Conflito entre estados

O conflito e os interesses entre os estados resultaram em uma complicada rede de manobras políticas. A crise se agravou quando São Paulo e Minas Gerais entraram em desacordo sobre qual candidato deveria assumir a presidência em 1929. Júlio Prestes era o candidato apoiado por São Paulo, enquanto Getúlio Vargas, governador do Rio Grande do Sul, era apoiado por Minas Gerais. As eleições ocorreram em março de 1930, e Júlio Prestes foi eleito presidente.

No entanto, as eleições foram marcadas por fraudes e acusações de irregularidades. A oposição, liderada por Getúlio Vargas, começou a articular um movimento contra o governo de Washington Luís, argumentando que a República Velha precisava ser renovada e que era necessário acabar com a "política dos governadores" que favorecia apenas as elites no poder.

A insatisfação popular crescia devido à crise econômica e ao descontentamento com a corrupção e a falta de representatividade política. Esses sentimentos foram amplificados pela classe média urbana, pelos militares e por setores da sociedade civil, como estudantes e profissionais liberais.

Em 3 de outubro de 1930, militares e civis, liderados por Getúlio Vargas, iniciaram uma revolta armada no Rio Grande do Sul e marcharam em direção ao Rio de Janeiro, então capital do país. O movimento recebeu apoio de outras regiões, como Minas Gerais, e encontrou pouca resistência. As tropas rebeldes chegaram ao Rio de Janeiro em 24 de outubro, e o governo de Washington Luís foi deposto.

Com a queda do presidente, uma junta militar assumiu temporariamente o poder, e Getúlio Vargas foi nomeado chefe do governo provisório. Em 1934, uma nova Constituição foi promulgada, e Getúlio Vargas foi eleito presidente por meio de voto indireto. Ele governou o Brasil de 1930 a 1945, com uma breve interrupção em 1945, e depois retornou ao poder de 1951 a 1954, quando, de acordo com os registros históricos, cometeu suicídio.

9 de julho de 1932

A data de 9 de julho de 1932 marcou o início da Revolução Constitucionalista, também conhecida como Guerra Paulista, que durou até 2 de outubro de 1932. Essa guerra resultou em um conflito armado entre os paulistas e as tropas do governo federal. A luta se espalhou por várias regiões do estado, com a população se mobilizando para apoiar o movimento.

Apesar do entusiasmo e do apoio popular, as forças paulistas enfrentaram grandes desafios. O governo federal tinha um contingente militar superior e recursos mais amplos, incluindo o apoio de outros estados. A falta de armamento e munição adequados também prejudicou os paulistas.

A professora Maria Sguassábia foi voluntária nas trincheiras paulistas. (Arquivo Histórico)

A guerra foi marcada por batalhas intensas e estratégias militares, sendo algumas das mais notáveis a Batalha de Ipiranga, a Batalha de Piracicaba e a Batalha de Guararapes. Apesar da resistência paulista, as forças governistas conseguiram avançar e retomar o controle das áreas ocupadas pelos revolucionários.

Em 2 de outubro de 1932, o governo paulista reconheceu a derrota e assinou um armistício com o governo federal. O conflito resultou em milhares de mortos e feridos, deixando um grande impacto na sociedade paulista.

Carteira de identidade do MMDC do combatente Joaquim Hummel Andrade, membro do MMDC e incorporado no 5o B.C.R. de Quitaúna (Arquivo Histórico)

A Revolução de 1932 é considerada um marco histórico na luta pela democracia, autonomia regional e uma nova ordem constitucional no Brasil. Ela contribuiu para a redemocratização do país e para o fortalecimento do federalismo, ao mesmo tempo em que evidenciou a força política e econômica do estado de São Paulo.

É Feriado

A Lei Federal n. 9.093, de 12 de setembro de 1995, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que dispõe sobre feriados, determina que a data magna do Estado, fixada em lei estadual é feriado civil. No estado de São Paulo, o então deputado Guilherme Gianetti apresentou o Projeto de Lei 710/1995, que deu origem à Lei Estadual 9.497, de 5 de março de 1997, instituindo o dia 9 de julho como feriado civil do Estado.

Por que 9 de julho?

Nessa data comemora-se a deflagração da Revolução Constitucionalista de 1932, considerada a data magna do estado de São Paulo.

Veja também: Mulheres na Revolução - De “paulistinha querida” a "lute como uma mulher": o papel da figura feminina na Revolução de 1932

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