CARTÃO-POSTAL

Ícone do litoral de SP, Ponte Pênsil mantém charme após restauração

DER investiu R$ 5,2 milhões na reforma da Ponte Pênsil de São Vicente, a primeira do país, registrada como patrimônio histórico do estado de São Paulo

Redação
Publicado em 26/10/2023, às 14h48

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Ponte Pênsil foi inaugurada em 1914 - Thiago Takeda - Semil
Ponte Pênsil foi inaugurada em 1914 - Thiago Takeda - Semil

Inaugurada em 1914, a Ponte Pênsil de São Vicente é a primeira ponte suspensa do Brasil e um ícone do litoral de São Paulo. E, contando 109 anos, a ponte está mais charmosa, moderna e segura, após passar inteiramente por uma restauração, por parte do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado de São Paulo (Semil).

As intervenções receberam um investimento de R$ 5,2 milhões do governo paulista. O processo de restauração foi detalhado e incluiu desde jateamento de água de alta potência até limpeza manual com escova de aço e tratamento estrutural para remoção do sal depositado ao longo de mais de um século pela proximidade do mar. Também foram aplicadas pintura com epóxi (material mais resistente ao processo de abrasão) e camada de poliuretano (um tipo de selante térmico adesivo) nos cabos e pendurais (pontos de fixação dos cabos à plataforma da ponte), de forma que resistam mais à salinidade.

Durante os trabalhos, que duraram 11 meses, o tráfego no local ficou interditado entre 20h e 6h, sendo que na última semana as intervenções exigiram o fechamento completo da ponte. O trabalho foi acompanhado de perto pelo engenheiro do DER, Paulo Eduardo de Oliveira. "Foi tudo muito minucioso, a começar do detalhamento do guarda-corpo, que protege pedestres e evita a colisão de veículos e bicicletas, no qual usamos pneus na parte inferior e instalamos um corrimão que vai melhorar a vida útil do equipamento", contou.

Outra intervenção bastante complexa foi a restauração dos cabos que sustentam a estrutura, que receberam a resina de proteção em uma operação digna de alpinistas. "Executamos de forma muito minuciosa, dada a grande altura em que esses cabos se encontram", acrescentou Paulo. Deu muito trabalho, também, a restauração das vigas do piso. "A troca teve projeto próprio, adaptando os níveis das novas peças ao passeio, uma de cada vez, e definindo novos parafusos de modo a melhorar a fixação das tábuas", completou o engenheiro do DER.

Reforma da Ponte Pênsil
Troca das vigas de madeira do piso da ponte feitas de forma manual - Semil

Todas as vigas do tabuleiro de madeira, antes em material sintético, foram substituídas por madeira de qualidade similar à maçaranduba, proveniente de áreas de manejo sustentável, com alta resistência às intempéries. A troca foi feita manualmente, uma a uma, e o piso recebeu material antiderrapante.

A Ponte Pênsil de São Vicente fica localizada entre os Morros dos Barbosas e Japuí e é uma das responsáveis pela ligação da Ilha de São Vicente ao continente. O cartão-postal é um marco do desenvolvimento do litoral paulista. Mesmo sob vigilância constante de técnicos e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a estrutura apresentava pontos importantes de corrosão, o que poderia comprometer a segurança.

“A entrega da ponte pênsil restaurada, mantendo as características e a funcionalidade do projeto original, faz com que continue sendo um marco na nossa história e servindo, ainda, como ligação viária importante entre a Ilha de São Vicente e o continente”, concluiu o engenheiro.

Patrimônio histórico 

Ponte Pênsil
Ponte Pênsil de São Vicente foi a primeira ponte suspensa do Brasil - Semil

A Ponte Pênsil de São Vicente inicialmente foi projetada para transposição de condutores e tubulação de esgoto, que levavam os efluentes até a Ponta de Itaipu, em Praia Grande, para serem despejados no mar (atividade essa já extinta). Naquela época, só era permitida a passagem de pedestres. Apenas posteriormente é que a ponte foi adaptada para o tráfego de veículos.

Monumento histórico e arquitetônico de São Paulo, a ponte foi tombada em 1982 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). A estrutura possui 180 metros de vãos livres, quatro torres metálicas revestidas de concreto com 24 metros de altura, que sustentam 16 cabos e 58 pendurais.

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