Comunidade católica no Guarujá preserva tradição religiosa há 70 anos

Festa da Imaculada Conceição, na Prainha Branca, celebra padroeira com programação religiosa, festa e bingo com prêmio de R$ 1.000,00

Rebeca Freitas
Publicado em 30/11/2023, às 15h26 - Atualizado em 01/12/2023, às 11h26

FacebookTwitterWhatsApp
Tradição de festa da padroeira Imaculada Conceição movimenta fiéis da Prainha Branca - Joelma Corrêa Diniz
Tradição de festa da padroeira Imaculada Conceição movimenta fiéis da Prainha Branca - Joelma Corrêa Diniz

A devoção à Nossa Senhora Imaculada Conceição permanece firme há 70 anos na comunidade católica da Prainha Branca, no Guarujá, litoral de São Paulo. Imaculada Conceição é um dogma da Igreja Católica que afirma que a Virgem Maria foi preservada do pecado. Neste ano, a novena da padroeira local se inicia nesta quinta-feira (30), às 19h. 

Seguindo a programação deste ano, no dia 9 de dezembro, um sábado, haverá uma procissão, às 18h, prosseguida do hasteamento da bandeira. Na sequência haverá missa campal às 19h, com coroação. O evento religioso será seguido de uma animada festa com bingo e venda de doces e salgados. O bingo terá como primeiro prêmio um ventilador, já o segundo prêmio será R$ 1.000,00.

Neste ano, a programação especial inclui a recitação da Ladainha de Nossa Senhora em latim durante nove dias, seguida pela missa no dia 9. Além disso, 19 crianças participarão da primeira comunhão. 

No domingo, dia 10, haverá encerramento às 10h, com escolha dos festeiros 2024, figuras essenciais para garantir que a festa continue, sendo responsáveis por organizar e arrecadar dinheiro e prendas para a tradição. 

A Prainha Branca está situada na fronteira entre Guarujá e Bertioga e é a última praia do Guarujá, acessível unicamente por meio de mar ou trilha. A padroeira  tem sua festividade em 8 de dezembro. A celebração anual acontece tradicionalmente nesta data, sendo concluida com a missa no próprio dia se coincidir com um sábado, ou posteriormente se o dia 8 cair em um dia de semana.

Durante o período de festa, a capela atrai uma frequência maior de fiéis: as missas na Prainha Branca geralmente reúnem cerca de 60 pessoas, mas nas festividades, atraem mais de 100 devotos. A celebração é coordenada por festeiros encarregados de organizar as atividades em conjunto com a comunidade. O programa inclui procissão, levantamento de mastro, música e jogos de bingo.

crianças em igreja católica
Neste ano, 19 crianças devem realizar a primeira comunhão na capela - Joelma Corrêa Diniz

História preservada há sete décadas 

Carmelinda Maciel de Oliveira, de 82 anos, originária da ilha do Montão de Trigo em São Sebastião, chegou à Prainha há 78 anos. Segundo ela, a tradição da festa iniciou-se por volta de 1950, há mais de 70 anos, e desde então existe a prática anual de selecionar 12 festeiros, conhecidos por cuidar durante todo o ano para assegurar o sucesso da celebração. Ela revela que, antes da construção da capela, as orações aconteciam na casa de Narciso Lemos, precursor do catolicismo na Prainha Branca, que chegou à comunidade por volta de 1910.

Conforme relato da moradora, a data é marcada por orações e muita festa. "Celebramos para expressar gratidão por tudo que Nossa Senhora realiza em benefício da comunidade, intercedendo junto a Jesus Cristo, assim como fez nas Bodas de Caná, na Galileia, transformando a água em vinho", exemplifica.

Carmelinda Maciel de Oliveira
Dona Carmen se mudou para Prainha aos 4 anos e acompanhou a história da festa desde seu início - Arquivo pessoal

Ela destaca que a padroeira cativa a comunidade e o catolicismo é forte na comunidade, com 90% de aderência. Dona Carmem reitera sua devoção "Não vou em nenhum outro lugar sem antes ir à igreja", expõe.

Segundo o relato de Carmen, no passado, quando a comunidade não dispunha de energia elétrica, os responsáveis pela festa iluminavam todo o trajeto da procissão com bambu, tochas de pano e querosene, assegurando a realização do evento.

Tradição preservada de geração em geração

procissão
No dia 9 de dezembro, um sábado, haverá uma procissão, às 18h como parte da programação - Joelma Corrêa Diniz

Dilma Zeni Rodrigues Silva passou toda sua infância e adolescência na Prainha Branca, se mudando para Bertioga aos 23 anos. Mesmo agora, aos 73 anos, residindo em Bertioga, ela faz questão de participar da celebração anual. "Meu pai, Luiz Lemos, era capelão lá, ele que conduzia as orações. Eu e minha irmã sempre o acompanhávamos, rezávamos juntos. Na época, a igreja era menor, e poucas pessoas compareciam. Ele era responsável pelas orações, pelo texto, por tudo; sempre foi ele", se orgulha a filha.

“Após o falecimento dele, continuamos a participar porque somos católicas fervorosas. Sempre apreciamos e nunca deixamos de comparecer, pois fomos criadas assim, seguindo os passos de nosso pai. Mesmo depois de sua partida, outras pessoas assumiram a tradição, que persiste até os dias de hoje. Eu pessoalmente, nunca deixei de ir todos os anos, e transmiti essa tradição também para minhas filhas, tornando um legado que passa de geração em geração”, finaliza.

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!