Incentivo à Cultura

Produtora cultural ganha prêmio de R$50 mil e leva formação para jovens do litoral de SP

Débora Bergamini ganhou prêmio oferecido pela da lei Paulo Gustavo, do estado de São Paulo, em reconhecimento às diversas ações culturais, como a incubadora de projetos Chocadeira

Estéfani Braz
Publicado em 16/03/2024, às 22h32 - Atualizado em 17/03/2024, às 09h25

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Débora Bergamini mora há 8 anos em Ilhabela e trabalha no desenvolvimento da Escola Livre de Cinema Caiçara - Reprodução/Arquivo Pessoal
Débora Bergamini mora há 8 anos em Ilhabela e trabalha no desenvolvimento da Escola Livre de Cinema Caiçara - Reprodução/Arquivo Pessoal

Uma produtora cultural de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, foi premiada com R$50 mil pelo governo do estado de São Paulo, com o edital Saberes, memória e pertencimento, com recursos da lei Paulo Gustavo. Débora Bergamini é natural de Araçoiaba da Serra (SP) e, desde muito jovem, atua com projetos culturais. Em Ilhabela, trabalha com diversos ações culturais, entre eles, a incubadora de projetos 'Chocadeira'. 

Além disso, a produtora cultural trabalha no desenvolvimento da Escola Livre de Cinema Caiçara, para oferecer formação profissionalizante, na área de cinema, a 40 jovens de cidades do litoral norte. (Leia mais abaixo)

O projeto da Secretaria Estadual de Cultura, Economia e Indústria Criativas objetiva  premiar financeiramente ações já realizadas de artistas, mestres e fazedores culturais residentes no estado de São Paulo.

Débora conta que, mesmo antes de trabalhar formalmente, já organizava eventos com amigos. “A gente fazia festivais, encontros; então, já tinha essa relação com a cultura desde muito novinha. E, quando terminei a faculdade de história, recebi um convite para trabalhar na secretaria de cultura da cidade de Votorantim e aí foi meu primeiro trabalho formal, mesmo, na área da cultura”.

A partir daí, a produtora cultural passou por diversas experiências no poder público; em sua bagagem, atuou como secretária de Cultura, em Araçoiaba da Serra (SP),  depois, como diretora de cultura em Sorocaba (SP). Débora revela que fez parte de coletivo na cidade de Sorocaba chamado 'Rasgada Coletiva', com foco na produção de arte independente, sobretudo música. 

Foi por intermédio de projetos como esses que conseguiu adquirir conhecimentos, tanto do ponto de vista de produção, quanto dos trâmites necessários no poder público. “De entender como funciona a gestão, como funciona a parte da cultura dentro do poder público. Então, eu acompanhei todo o desenvolvimento das políticas públicas que hoje estão aí”, diz a produtora.

Festival
Festival Citronela DOC em sua 1ª edição,  no ano de 2021 - Reprodução/Arquivo Pessoal

Débora chegou a Ilhabela há oito anos e, como moradora da cidade, uma de suas primeiras ações foi conhecer a legislação municipal voltada para a área da cultura. “Desde então, eu comecei a elaborar projetos para artistas, daqui da ilha; já fiz projetos para o Felipe Samurai, que é um fotógrafo, já fiz projetos para o Festival Toda Arte. E, nos últimos três anos, vamos para o quarto, agora; tenho trabalhado no coletivo Citronela, em que a gente organiza o festival de cinema documental Citronela Doc. E, desde 2013, eu ofereço um curso chamado 'Chocadeira', que é um curso de elaboração de projetos”.

EDITAL

O curso promovido por Débora pretende oferecer acesso facilitado para que os fazedores de cultura consigam apresentar seus projetos. Ela acredita que os editais ajudam a tornar o acesso à cultura mais democrático, mas a linguagem ainda é um empecilho para muitas pessoas. “É uma linguagem difícil, então, desde 2014 que eu tenho esse curso, que já ministrei no interior e aqui também na ilha. Depois, eu ganhei um edital para oferecer o curso de forma on-line e presencial. Então, tem alguns projetos também que estão acontecendo hoje, que nasceram dentro desta incubadora”.

O prêmio de R$50 mil, pelo edital 'Saberes, memória e pertencimento, foi oferecido por meio da aplicação de recursos da lei Paulo Gustavo, pelo estado de São Paulo. Ao todo, 40 pessoas foram premiadas pelo reconhecimento de trajetória. A seleção foi feita por análise de currículo e de depoimentos de pessoas impactadas pelos trabalhos realizados pelos produtores culturais.

“Como eram poucos editais que não eram do audiovisual, eles foram bastante concorridos. E eu fiquei bem surpresa, realmente surpresa, de ser selecionada, porque, geralmente, as pessoas que são selecionadas são pessoas mais velhas, que têm uma trajetória de muitos anos, mestras da cultura popular. Então, eu fico muito honrada mesmo”, comenta Débora. 

A produtora foi a única do litoral norte a ser contemplada com o prêmio. Porém, ela faz questão de ressaltar que a região tem outros grandes profissionais na área, e acredita que eles não tenham se inscrito. “Tem muita gente produzindo e fazendo muitas coisas aqui”.

PROJETOS FUTUROS

Débora esclarece que, por causa da instabilidade da área, sempre conciliou o trabalho com outra profissão, como ser professora da rede municipal de ensino em Ilhabela. Ela chegou, inclusive, a questionar a continuidade das ações dentro da área cultural. “Para mim, foi quase como um ‘continue neste caminho’, sabe? Foi quase uma mensagem de que eu devo continuar fazendo isso”.

Festival toda arte
Débora Bergamini (blusa branca) e equipe de produção do festival Toda Arte, em Ilhabela. - Reprodução/Arquivo Pessoal

Os planos para este ano incluem a produção de um videoclipe do artista Fidura Cardial, de Ilhabela, e mais a Escola Livre de Cinema Caiçara, que oferece formação profissionalizante na área de cinema a 40 jovens de três cidades do litoral norte (Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela). As aulas serão ministradas no espaço da Fundação Educacional e Cultural de São Sebastião (Fundass).

Outros planos abrangem a realização do festival de cinema documental Citronela doc, o cineclube e um cinema itinerante nas comunidades tradicionais de Ilhabela. “Pela primeira vez, eu vou fazer um projeto mais autoral, porque, ao longo dos últimos anos, eu sempre trabalhei muito em projetos de outros artistas. Eu ganhei um edital que é para fazer um filme de realidade virtual. É um roteiro meu, minha direção, então, é a primeira vez que eu ganho algo que foi 100% a partir da minha criação artística”, finaliza.

Estéfani Braz

Estéfani Braz

Formada em Comunicação Social na Faculdades Integradas Teresa D'Ávila

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