O CANTO DO CISNE

Maior baile funk ao ar livre do litoral de SP anuncia que "já era": “problemas com a Justiça”

"Tudo que é bom acaba um dia", dizem organizadores do Baile da Plataforma em Mongaguá. Clandestino e subversivo, pancadão incomodou autoridades, conquistou legião de frequentadores e entrou no mapa do funk paulista

Da redação
Publicado em 28/07/2023, às 12h13 - Atualizado em 12/08/2023, às 10h49

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Baile da plataforma e ruas que dão acesso ao local do evento bloqueadas por tubos de concreto Baile da plataforma - Mongaguá Montagem. Baile funk à esquerda e rua bloqueada por tubos de concreto à direita - Imagem: Reprodução / Baile da Plataforma / Mongaguá News
Baile da plataforma e ruas que dão acesso ao local do evento bloqueadas por tubos de concreto Baile da plataforma - Mongaguá Montagem. Baile funk à esquerda e rua bloqueada por tubos de concreto à direita - Imagem: Reprodução / Baile da Plataforma / Mongaguá News

O Baile da Plataforma, espécie de Woodstock do funk no litoral paulista, anunciou, na terça-feira (25), o encerramento das atividades por causa de “problemas com a Justiça”. Frequentadores do baile, organizado há mais de 15 anos em uma plataforma em Mongaguá, demonstraram perplexidade e garantem que vão manter o evento vivo.

Por seu caráter clandestino e subversivo, o baile, sobretudo os de fim de ano, despertou a ira de autoridades ao mesmo tempo em que conquistou uma legião de frequentadores e entrou na rota do funk paulista. Os lendários pancadões de fim de ano na praia Agenor de Campos costumavam reunir dezenas de milhares de entusiastas. Um dos bailes pode ter chegado a reunir 100 mil pessoas, garantem fãs com um certo exagero. Não há estimativas oficiais.

Em uma nota melancólica nas redes sociais, os organizadores disseram que enfrentam problemas judiciais, sem especificar quais. “[O] Baile da Plataforma notifica todos os públicos que o baile chegou ao fim. Tudo que é bom acaba um dia e esse dia chegou. Tivemos alguns problemas com a Justiça e infelizmente o baile será cancelado por tempo indeterminado. Foi a melhor decisão para todos”.

Nesta sexta (28), o Portal Costa Norte tentou contato com os organizadores via redes sociais e telefone. Eles ainda não  responderam e o espaço segue aberto.

Problemas com a Justiça

Nos últimos anos, o baile vinha colecionando pendengas com autoridades que tentavam impedir sua realização. Na virada de 2021 para 2022, o baile foi programado para rolar por nada menos que 14 dias seguidos. A virada da esbórnia incomodou a prefeitura de Mongaguá que bloqueou o trânsito nas imediações na tentativa de impedir o fluxo.

Baile da plataforma e ruas que dão acesso ao local do evento bloqueadas por tubos de concreto Baile da plataforma - Mongaguá Montagem. Baile funk à esquerda e rua bloqueada por tubos de concreto à direita (Imagem: Reprodução / Baile da Plataforma / Mongaguá News)

O baile também foi desgastado por denúncias de furtos, roubos e brigas envolvendo frequentadores. A música alta e acelerada também conquistou a antipatia de parte dos moradores. Tudo isto fez com que a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal de Mongaguá fossem presenças tão constantes nos bailes quanto os funkeiros.

Segue o baile, dizem frequentadores desesperados

Nas redes sociais, frequentadores afirmam que, mesmo sem organização, o baile vai continuar Segue o baile - Maior baile funk ao ar livre do litoral de SP anuncia que já eras: “Problemas com a Justiça” Print de comentários em redes sociais (Imagem: Reprodução / Facebook)

Nas redes sociais, frequentadores demonstraram resistência ao cancelamento do baile. Alguns garantem que o fluxo vai continuar, mesmo sem os atuais organizadores. “Quem faz o baile é nois, os cria fio, a Plataforma é o melhor baile do fim do ano, não vai acabar nunca, parça”, disse o frequentador Menor Bigode.

“Quero ver brecar. Fim de ano tá todo mundo lá. Quem vai brecar mais de 100 mil pessoas. Fim de ano tô colando”, garantiu outro funkeiro. “nois leva os som e faz o baile”, disse mais um. “Final do ano estarei presente mais uma vez”, garantiu uma jovem.

Também pelas redes sociais, os organizadores esclareceram que, o baile continuando ou não, não têm mais a intenção de organizar, de divulgar a presença de DJs nem de fazer a montagem dos chamados paredões (várias caixas de som sobrepostas com volume na estratosfera). 

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