ACORDO HISTÓRICO

Governo de SP oficializa regularização quilombola no litoral norte

Documento garante propriedade coletiva da comunidade Quilombo da Fazenda, integrada ao ecossistema do Parque Serra do Mar

Redação
Publicado em 18/12/2023, às 21h41

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Secretaria de Meio Ambiente de SP firma parceria inédita para reconhecimento do Quilombo da Fazenda - Divulgação Semil
Secretaria de Meio Ambiente de SP firma parceria inédita para reconhecimento do Quilombo da Fazenda - Divulgação Semil

O governo de São Paulo e a comunidade quilombola do Quilombo da Fazenda, situada no Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), Núcleo Picinguaba, em Ubatuba, no litoral norte, assinaram, nesta segunda-feira (18), um acordo histórico para a regularização fundiária da comunidade.

O acordo, assinado pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Fundação Florestal (FF), Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), prevê a titulação do território tradicional da comunidade, garantindo a propriedade coletiva das terras. Também estabelece a coexistência da comunidade com a unidade de conservação, preservando a biodiversidade da região.

A cerimônia, conduzida pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, contou ainda com a participação do Ministério Público, Defensoria Pública Federal, Fundação Palmares e Associação do Quilombo da Fazenda.

O documento garante a propriedade coletiva e coexistência da comunidade com a sociedade, mantendo as regras ambientais de parque estadual na área da praia e de reserva de desenvolvimento sustentável para a área do sertão.

Foram estabelecidos compromissos para a titulação do território e a alteração parcial da categoria de unidade de conservação, compatibilizando os objetivos de conservação ambiental com os direitos territoriais da comunidade quilombola.

“Esse acordo permite a titulação do quilombo sem deixar de lado as regras ambientais de um parque e de uma reserva de desenvolvimento sustentável. Ao invés de ser um ou outro, o acordo prevê a convivência dos dois modelos, evitando-se a fragmentação do território e de sua proteção, além de permitir que a comunidade se inscreva em projetos/programas de políticas públicas. O reconhecimento abre portas para o desenvolvimento socioeconômico. Estamos fortalecendo o desenvolvimento sustentável”, explica o diretor-executivo da Fundação Florestal, Rodrigo Levkovicz.

Reconhecida como remanescente de quilombo, em 2005, pela Fundação Palmares, a comunidade Quilombo da Fazenda proporciona aos seus visitantes e viajantes roteiros gastronômicos, ecoturismo e acesso à agenda cultural local, além de dezenas de atrativos como trilhas e cachoeiras, que permanecerão sob gestão da comunidade após a assinatura.

No local vivem 100 famílias em uma área de 790 hectares. As atribuições da Fundação Florestal continuam com apoio à elaboração de plano de manejo das espécies nativas, em parceria com instituições de pesquisa; a fiscalização de crimes ambientais; ações de monitoramento da biodiversidade (fauna e flora); além de organizar reuniões e oficinas temáticas de interesse para a capacitação profissional que possibilitem o desenvolvimento econômico sustentável da comunidade quilombola.

“Esse é mais um passo importante para o reconhecimento de comunidades quilombolas. A secretaria está à disposição prestando apoio necessário para garantir o bem-estar das famílias que vivem na região. A preservação dessa área é muito relevante para o Estado”, afirma o subsecretário de Meio Ambiente da Semil, Jônatas Trindade.

Sobre o Parque

Criado em 1977, o Parque Estadual Serra do Mar representa a maior porção contínua preservada de Mata Atlântica no Brasil. Seus mais de 360 mil hectares possuem uma série de trilhas e pontos de apoio ao turista, e percorrem 25 municípios paulistas, desde a divisa do estado com o Rio de Janeiro até o litoral sul de São Paulo. É o maior corredor biológico da Mata Atlântica no Brasil e possui 1.361 espécies de animais e cerca de 1200 tipos de plantas registradas, segundo o Ibama. Abriga animais em risco de extinção no país, como o macaco-prego, o bicho-preguiça e a anta.

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