COLUNA COLETTI

País incendiado e totalmente radicalizado a cinco dias das eleições

As pesquisas eleitorais indicam que o candidato Jair Bolsonaro já dispõe dos votos suficientes, no primeiro turno, que garantem sua presença no segundo turno

Estela Craveiro
Publicado em 01/10/2018, às 18h01 - Atualizado em 23/08/2020, às 17h33

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Jair Bolsonaro  reafirmou seu compromisso de reduzir o número de ministérios, se eleito - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Jair Bolsonaro reafirmou seu compromisso de reduzir o número de ministérios, se eleito - Marcelo Camargo/Agência Brasil

TSE nega 2.947 registros de candidaturas

O Correio Brasiliense publicou levantamento junto ao Tribunal Superior Eleitoral dando conta que, de cada 10 registros para as eleições deste ano, um foi indeferido pela Justiça Eleitoral. Políticos tiveram as candidaturas negadas, mas mais da metade deles continuam liberados para participar do pleito, por terem recorrido ao Tribunal Superior Eleitoral(TSE). Do total, 1.239 estão inaptos a concorrer e, portanto, não terão os nomes nas urnas e nem podem fazer campanhas. Os outros 1.708 (58%) continuam na disputa até que o TSE analise os recursos. A Corte afirmou não ter data marcada para esses julgamentos.

 Os números se referem a todos os cargos: presidente, governador, senador (e suplente) e deputados federais, estaduais e distritais. Deputados estaduais e distritais lideram a lista de candidaturas indeferidas, com 1.796 registros negados - 1.663 estaduais e 133 distritais. Deles, 1.018 ainda estão aptos a concorrer por recurso.

 Os motivos para a negativa da Justiça Eleitoral em registrar esses pleiteantes são variados. O mais comum é ausência de algum requisito de registro, o que ocorreu em 225 casos. Além desses, 339 foram impugnados e 185 foram cancelados pelos próprios paridos. Outros 174 registros foram negados por descumprimento à Lei da Ficha Limpa, dos quais 112 (64 %) continuam concorrendo. Houve ainda 13 casos de abuso de poder, cinco de gasto ilícito de recursos e três de compra de votos.

Menos ministérios e mais privatizações

Melhora a cada dia o estado de saúde do presidenciável Jair Bolsonaro. No entanto, os médicos do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, não fazem previsão do seu retorno às atividades de campanha eleitoral pelas ruas do país afora. Antes de ter alta, fora da UTI, já no quarto, Bolsonaro recebeu pessoas ligadas à sua campanha. Foi longo o encontro com o economista André Guedes, apontado como organizador do seu programa de governo. Pela rede social, reafirmou seu compromisso de reduzir o número de ministérios, afirmando que vai extinguir e privatizar grande parte das estatais. Explicou que essas medidas são para conter os gastos desnecessários e que sempre faltam para as populações menos protegidas.

Novo inquérito

A Polícia Federal instalou um novo inquérito para dar continuidade sobre o atentado a faca de Adélio Bispo a Jair Bolsonaro, que ocorreu em Juiz de Fora. O primeiro, que concluiu que Adélio agiu sozinho, será encerrado neste final de semana por causa do prazo mais curto de Adélio Bispo estar preso. O segundo inquérito vai herdar do primeiro todas as informações colhidas. Além das quebras de sigilo e depoimentos, a Polícia Federal vai analisar todo sistema de câmara de Juiz de Fora, para traçar todos os deslocamentos de Adélio desde sua chegada à cidade mineira.

Semana de alta dramaticidade

Faltando apenas cinco dias para as eleições, as pesquisas eleitorais indicam que o candidato Jair Bolsonaro já dispõe dos votos suficientes, no primeiro turno, que garantem sua presença no segundo turno. Seu adversário será decidido entre os quatro seguintes presidenciáveis: Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede).

Esses quatro candidatos disporão dos sete dias desta semana para tentativas de convencimento de eleitores indecisos, para que eleitores de outros candidatos migrem para o seu lado, além da redução dos votos brancos e nulos. A semana será de alta dramaticidade, com a celebração dos mais variados acordos políticos, uns éticos, outros nem tanto.

O candidato que melhor souber tirar coelhos da cartola certamente se credenciará para disputar, com Jair Bolsonaro, a presidência da República, no segundo turno, já marcado para 28 de outubro.  Essa será uma nova eleição, que se desenvolverá em meio a um país incendiado, e totalmente radicalizado.

O segundo turno será travado já se sabendo a composição das bancadas partidárias na Câmara dos Deputados e no Senado. Essa circunstância poderá contribuir para distensionar o clima politico no país. E abrir caminho para que o presidente eleito, já em novembro e dezembro, se articule com o Congresso Nacional, para a votação de importantes reformas, com destaque para as mudanças na Previdência Social. Esse, hoje, é o maior nó da economia nacional, levando em conta o rombo estratosférico que provoca nas contas públicas. O encaminhamento de solução neste ano seria de grande valia para o governo que se instala no dia 1° de janeiro de 2019.

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