SOB O FLASH

Economia da Vila Sahy é impulsionada por curso de fotografia

Fotos feitas no Instituto Verdescola auxiliam empreendedores da comunidade com registros profissionais de produtos e otimizam vendas

Rebeca Freitas
Publicado em 27/10/2023, às 08h59

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Martin Gurfein é mentor da oficina de fotografia do Verdescola - Divulgação/ Verdescola
Martin Gurfein é mentor da oficina de fotografia do Verdescola - Divulgação/ Verdescola

Um  curso de fotografia profissional oferecido pelo Instituto Verdescola em São Sebastião tem composto um cenário favorável para impulsionar a economia local da Vila Sahy, região mais afetada pelas chuvas de fevereiro deste ano. Com o objetivo de oferecer condições para que crianças, jovens e adultos possam adquirir conhecimento além da técnica, a organização oferece ainda atendimento psicossocial, oficinas socioeducativas e cursos de qualificação profissional.

O curso é ministrado por Martin Gurfein. Nascido em Buenos Aires, na Argentina, Gurfein mudou-se definitivamente para o Brasil em 1988. Foi editor de fotografia da revista Caras e hoje se dedica à educação. No curso, ele ensina os alunos a montar cenários, garantir a iluminação adequada e a exposição atrativa do produto.

Inicialmente, a oficina era ministrada apenas para os jovens assistidos pela ONG, com idades entre 10 e 17 anos, mas em 2023, o público-alvo foi expandido para todos os moradores da região. Os alunos e seus interesses são diversos. Há quem tenha a vontade de trabalhar com fotografia profissional e também aqueles que pretendem usar a fotografia para alavancar o seu negócio, como é o caso de Lucas Resende que, em parceria com a esposa, Sara Dafne, montou uma loja de doces na Vila Sahy.

“Eu trabalho com produtos que as pessoas, primeiro, comem com os olhos. Eu precisava que essa divulgação estivesse o mais profissional possível dentro da minha realidade. E o curso tem me ajudado nisso. Temos melhorado a nossa divulgação por meio das fotos”, conta Lucas.

confeitaria
Lucas e Sara aplicam conceitos aprendidos na oficina em sua loja de doces - Divulgação/ Verdescola 

A fotografia de alimentos já estava na grade do curso ministrado pelo fotógrafo profissional e mentor Martin Gurfein. “Estava previsto no programa do nosso curso e, quando chegou esse momento, eu sabia que o Lucas tinha uma loja de doces e apareceu o seu Dell, um funcionário do Verdescola, que faz doce de leite caseiro com a filha. Decidi unir os propósitos e ajudar esses empreendedores”, explica Gurfein.

Francisco Idelbrano Bibiano Chaves, ou Dell, como é conhecido, é encarregado de limpeza no Instituto Verdescola e há alguns meses começou a fazer doce de leite caseiro com a filha para complementar a renda. “Eu vendi um doce para o Martin e ele gostou muito. Então, se prontificou a me ajudar tirando fotos para divulgar. A turma fez fotos lindas que usei no Instagram e no Whatsapp e tive mais visibilidade. O pessoal viu o doce no pão francês e tudo. Foi muito bom”, comemora o proprietário do Doce do Dell.

Os resultados chegaram também para Lucas, que impulsionou as vendas em seu comércio, o Cantinho Doce, que fica no coração da Vila Sahy, na rua Luis Basílio dos Santos, mais conhecida como rua Zero. “Fizemos fotos dos doces, da arquitetura da loja, do ambiente. E já aumentei as vendas, as fotos profissionais despertam o interesse de outras pessoas para provarem meus produtos”, diz o comerciante.

“O que Martin fez foi mostrar na prática o que é um pensamento sustentável aos seus aspirantes de fotografia que sairão do curso com uma visão sistêmica e integral”, explica Raquel de Oliveira, diretora-geral do Instituto Verdescola. O mentor enxergou uma necessidade real da comunidade, mudou o curso da aula prática e ali ele iniciou uma ação que pode ser aplicada em outros segmentos de comércio da região. “Trabalho com essa comunidade há 13 anos e sei que a Vila Sahy precisa se sustentar. Os habitantes da Vila merecem esse crescimento; e entender que posso ir além das aulas me deixa extremamente inspirado”, conta o fotógrafo profissional.

A experiência tem sido peça-chave para o crescimento profissional de Lucas. “O curso está me ajudando a ter noção de como me comportar ao tirar uma foto, a melhorar a divulgação dos meus produtos. E ainda tenho um professor com vasta experiência no que faz, fico honrado de fazer parte de tudo isso”, declara.

Outros aspirantes a fotógrafos que participaram da sessão comemoraram o impacto da ação, como Felipe Musskopf, de 29 anos, que é professor de inglês e apaixonado por fotografia. “Eu entrei no curso pelo aspecto divertido e artístico da fotografia. Mas aprendi a ser um profissional da fotografia, como interagir com o cliente, ter um método de trabalho organizado, saber quando e como usar o equipamento. São coisas que eu não imaginava que ia aprender. Aí você imagina, se a gente aprende a sempre tirar fotos boas assim no dia a dia - dez, quinze alunos - com certeza isso vai ter um impacto muito bom pros comércios locais”.

A maquiadora Paula Penedo também viu no curso uma oportunidade de ampliar a oferta de serviços e de ajudar outros a crescerem também. “Foi uma honra participar dessas produções. Na era em que estamos, do mundo digital, fotos que vendem são essenciais. Ver o estilo de trabalho do professor Martin também foi incrível, tem sido uma experiência e tanto. O curso tem nos impulsionado e nos motivado muito”, declara.

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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