Costa do sol

O som claro de uma voz foi abafado pelo da melodia dos pássaros que disputavam o prêmio de mais belo canto, após uma leve chuva de outono. No bairro onde o sol nasce, a natureza se mantém e dita seu próprio ritmo, marcado pela brisa salgada do mar.

Quem desfruta destas canções e paisagens naturais, verdadeiros quadros vivos, é o representante comercial Luiz Carlos Bispo dos Santos, que acredita ser o Costa do Sol “um dos melhores lugares para se constituir família e para se morar”. O local foi elevado da condição de loteamento para o patamar de bairro e Bispo, que reside no empreendimento há 21 anos, acredita que esta mudança deve trazer para o Costa do Sol e Guaratuba melhorias nas áreas da saúde, transporte e educação, que atualmente carecem de maior atenção naquele setor da cidade. Atuante no bairro, o representante comercial também preside o Centro Comunitário Guaratuba, que há 18 anos atende crianças e adolescentes da região em situação de vulnerabilidade social.

Também integrante da diretoria da entidade, a caiçara Luzia Arlindo, nascida no local, avalia que o progresso carrega alguns aspectos negativos, mas nada que ofusque a majestade e o esplendor natural do bairro. “Ainda é um bom bairro, um dos melhores, na minha opinião. É um bairro gostoso, todo mundo se conhece”, diz.

As principais reclamações da caseira dizem respeito à falta de apoio e de uma sede para a associação, que proporcionaria um melhor atendimento para as crianças e adolescentes que passam pelo local. Atualmente, o centro comunitário oferece aulas de balé e capoeira, mas, se tivesse patrocínio em seus projetos, poderia incluir aulas de canoagem e natação, segundo Luzia. “Nós não temos a nossa sede, fazemos nossos eventos no salão da igreja católica. Nosso processo está na prefeitura há muito tempo e eles não decidem. Tem tantas áreas que nós sabemos que eram para o centro comunitário, para dar o melhor para nossas crianças, e nós não o temos”.

A fim de utilizar mão de obra local, em vez de contratar pessoas de outras localidades, o empreendimento passou a fazer autogestão, cuidando também para que os interessados recebessem a qualificação necessária. Anteriormente, utilizava uma empresa contratada para este serviço, porém, desta forma, foi possível garantir a geração de empregos para a cidade. A presidente da GH Residencial, Luci Cardia, conta quais são os atrativos do local: “O diferencial daqui é a praia muito limpa, deserta, então as pessoas vêm para descansar mesmo. Esse sossego, a falta de bagunça, de aglomeração é o que determina as escolhas das pessoas para cá”. Lembra, ainda, que os momentos de lazer podem ser aproveitados não apenas na praia, mas também com pescaria e cachoeiras encontradas na serra, tão próximo que é possível ir a pé.

Tal sossego atraiu não apenas os olhos de Luci, mas o coração, para uma mudança em sua vida. “A casa daqui eu tenho há muitos anos, desde 1988, quando era de veraneio, mas eu tinha muita vontade de morar aqui, por causa do clima, dessa qualidade de vida diferenciada que hoje continua, mesmo com a prosperidade”, conta. Ela lembra que no começo as coisas foram mais complicadas; não havia supermercado e a escola ficava muito longe. Mas os tempos mudaram e a região começou a ser valorizada. O Costa do Sol ganhou casas modernas, organização e muito entusiasmo por parte dos interessados em adquirir um imóvel no local.

Essa mudança no panorama também gerou um novo atrativo para o bairro. Segundo o mecânico Francisco José da Silva, “aqui, para nós, o atrativo é só trabalho, porque trabalho tem. Muitas construções estão sendo liberadas, então não falta serviço e vem gente de São Paulo para trabalhar aqui”.