Saúde pública

Pombos barram aulas de educação física na EM José de Oliveira

Quadra inaugurada há um mês está fechada devido à sujeira causada pelas aves

Marina Aguiar
Publicado em 27/06/2018, às 09h34 - Atualizado em 24/08/2020, às 03h39

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Quadra está fechada há semanas devido à sujeira causada por pombos - JCN
Quadra está fechada há semanas devido à sujeira causada por pombos - JCN

Inaugurada há apenas 31 dias, a quadra poliesportiva da EM José de Oliveira já está fora de uso. O equipamento, construído para receber as aulas de educação física dos alunos da escola, não cumpre a função devido à sujeira causada por pombos. A entrada das aves ocorre por meio de espaços entre as paredes e o telhado. Segundo pais de alunos, no horário da disciplina, as crianças passaram a jogar damas dentro da sala de aula.

Duas mães, que não quiseram se identificar, relataram o abandono da quadra recém-inaugurada. "Tem muito pombo lá dentro e a sujeira tomou conta da quadra. O professor tem que dar a aula dentro da sala e as crianças estão frustadas", disse a mãe de uma aluna do 4º ano. A outra revelou que a festa julina da unidade escolar seria realizada na nova quadra, mas foi realocada para a escola devido à sujeira e falta de estrutura. "A festinha ia acontecer na quadra. Lá tem espaço suficiente para as apresentações e a quadrilha, mas não têm tomadas para ligar a música", desabafou. 

O equipamento localizado à rua Cardeal Emily Biayenda, 248, no bairro Rio da Praia, contou com investimento de R$ 1 milhão, do Ministério da Educação, incluindo contrapartida financeira da prefeitura de Bertioga, e tem área de 1.170m², com vestiários, arquibancada e palco. A proposta da prefeitura era utilizar a quadra para eventos esportivos e culturais, além das aulas de basquete, futebol, vôlei, judô, atletismo e outros.

Estudo

O professor universitário e médico veterinário Eduardo Filetti estuda o impacto dos pombos nas cidades há 20 anos. Ele estima que, na Baixada Santista, existam cerca de 400 mil pombos em circulação. Filetti explica que as aves não transmitem doenças, mas suas fezes, sim. "As fezes secas podem transmitir pneumonia micótica, uma doença de difícil diagnóstico, portanto, muito perigosa. As fezes molhadas, que acabam de ser eliminadas e caem nas pessoas, até então não ofereciam risco, mas foi descoberto que podem transmitir giárdia e verminoses".

Estas últimas doenças entraram na vida das aves devido à proximidade com o ser humano. "Hoje, os pombos comem manteiga, chocolate e alimentos que auxiliam na contração de determinadas doenças. Eles também ficam em contato com fezes humanas e esgoto a céu aberto. O que prolifera a contaminação entre os pombos", disse.

Embora não existam estudos específicos para Bertioga, Filetti tem projetos para controlar a população de pombos em Santos. "Sem violência com as aves, podemos tentar construir grandes pombais em algumas áreas escolhidas na cidade, fazer a migração das aves da região para aquele determinado ponto, ficando mais fácil a administração de anticoncepcionais na comida e podendo explorá-las turisticamente". O pesquisador sugere que um grande pombal seja construído na área do Concais,  em Santos (área onde atracam os navios de passeio) e a municipalidade vender alimentos para os pombos. 

A prefeitura foi questionada pela nossa redação sobre possíveis readequações na quadra e recebeu o prazo de até o meio-dia desta quarta-feira, 27, mas não respondeu.

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