Sensibilizado, Mc Don Juan cria vaquinha virtual para ajudar motoboy furtado em SP

O motoboy Kaique Oliveira, que foi às lágrimas após ter sua moto furtada na última segunda-feira (7), pode recuperar, em breve, sua ferramenta de trabalho. Sensibilizados com a situação do rapaz, o artista Mc Don Juan e amigos criaram uma vaquinha virtual nesta quarta-feira (9), com o objetivo de arrecadar a quantia necessária para o jovem adquirir outra moto.

“Estamos criando essa vakinha com o intuito de ajudar nosso amigo Kaique Oliveira a comprar outra moto, pois a sua  Cargo 160 Branca foi furtada próximo à estação Paraíso do metrô e sua moto era seu meio de sustentar sua família", afirma o texto da vaquinha virtual, capitaneada pelo artista.

https://www.youtube.com/watch?v=oBh5U08Ivzw

O objetivo do rateio digital é juntar o valor da moto furtada de Kaique, estimada em R$ 20.000. Em pouco mais de um dia, a vaquinha arrecadou mais de 25% do valor, com a contribuição de mais de 180 pessoas.

Acesse aqui a vaquinha virtual

200 mil sensibilizados

Kaique provocou comoção na internet nesta segunda-feira (8), ao divulgar um vídeo, desesperado, instantes após constatar o furto de seu meio de subsistência.

“Roubaram minha moto aqui, gente”, diz o jovem Kaique Oliveira, de 26 anos, quase sem conseguir articular as palavras. “Minha moto novinha. Compartilha, por favor”, implora o rapaz, nas imagens.

O vídeo do jovem em desespero se espalhou rapidamente pelas redes sociais, com quase 200 mil interações apenas na publicação original (assista acima).

Centenas de pessoas sugeriram ao jovem que fizesse uma vaquinha virtual, o que acabou sendo feito pelo Mc Don Juan, sensibilizado com o caso.

“Rapaziada, vamos criar uma vaquinha online para comprar outra moto nova para o Kaique Oliveira. Eu já vou dar iniciativa com um valor, vamos ajudar”, apelou o artista ontem, em suas redes sociais.

O Furto

Às 9h00 da manhã desta segunda-feira, Kaíque foi fazer um exame médico na rua Alpeninos, região central da Capital. “Eu trabalhava numa empresa de motoboy registrado e fui desligado por causa da crise. Fui fazer o exame, estacionei a moto. Travei ela. Na hora que saí do exame, 11h, a moto não estava lá”, afirmou o jovem, aos prantos, na tarde desta terça-feira (8). O local fica próximo a um dos principais cartões postais da capital, a Avenida Paulista.

O jovem explica o motivo de ter chorado pela moto. “É a segunda moto minha que fizeram isso do mesmo jeito. A primeira moto estava no meu nome, levaram a moto, sujei meu nome. Ai meu pai conseguiu tirar essa moto no nome dele pra eu pagar. Nem terminei de pagar ainda. Aí aconteceu isso aí de novo.”, lamenta Kaique, chorando novamente, e completa.

 “Eu não sei nem o que falar, é uma tristeza tão grande que me dá no coração. Tenho até o segundo colegial, comecei a trabalhar cedo, não tenho vergonha de falar que sou motoboy. É um trabalho digno. A moto é minha ferramenta de trabalho”, afirma, enfaticamente, enquanto o choro dele se combina com o choro de um bebê ao fundo - seu filho, de oito meses.

Kaique terminaria de pagar a moto em 2022. O veículo, do modelo Honda CG Cargo, 160 cilindradas, é um dos mais usados por motoboys, pela economia e resistência. Paga à vista, a moto é avaliada em aproximadamente 14.000 mil, com os juros das prestações, Kaique afirma que já havia pago quase o dobro.

E agora, Kaique?

Sem emprego e sem a ferramenta de trabalho. Agora, Kaique vai amargar, pela segunda vez na vida, pagar as parcelas de um veículo que já não tem mais.

“Não tinha como ter seguro. Ou pagava o seguro ou a prestação da moto”, lamenta o jovem, que é casado e mora no Jardim Ipava, bairro pobre do extremo Sul da capital paulista.

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Na segunda-feira, logo após o furto, Kaique abriu um boletim de ocorrência no 5º DP da Aclimação. Lá, ele foi informado que sua moto recebeu uma multa por excesso de velocidade a caminho de Mauá, por volta das 10h do mesmo dia, enquanto ele fazia o exame médico.

O jovem trabalhador também tem recebido trotes exigindo o resgate do veículo. Ele afirma que não têm esperanças de encontrar o veículo inteiro. “Tô procurando. Mas, infelizmente, a essas horas, acho que a moto já está desmontada”, lamenta ele.

Demitido, sem sua ferramenta de trabalho, sem renda, com prestações para pagar e filho para criar, Kaique não vê outra saída. “Vou pegar papelão, melhor do que pegar as coisas dos outros. Vou colocar comida na mesa, juntar dinheiro, comprar outra moto e recomeçar”, afirma o jovem num misto de desânimo e esperança.