Turismo de Observação

Primeira baleia da temporada de passagem da espécie pelo litoral norte é identificada

Temporada de observação de baleias no litoral norte começou agora em maio e segue até agosto; baleia jubarte foi a primeira identificada

Estéfani Braz
Publicado em 02/05/2024, às 18h54 - Atualizado em 04/05/2024, às 09h52

FacebookTwitterWhatsApp
Primeira baleia jubarte da temporada é identificada na região sul de São Sebastião - Divulgação/Maremar Ihabela
Primeira baleia jubarte da temporada é identificada na região sul de São Sebastião - Divulgação/Maremar Ihabela

A primeira baleia jubarte da temporada de passagem da espécie pelo litoral norte foi registrada na quarta-feira (1), na região sul de São Sebastião. O período começa em maio e se estende até agosto. O cetáceo foi avistado durante um trabalho de fotoidentificação e foi batizado como Melina, nome escolhido pelo profissional responsável pelo registro, Marcos Cará. 

Criado em 2016, o Projeto Baleia à Vista (ProBaV) faz o acompanhamento, junto a outros voluntários, dos cetáceos que aparecem na região. Júlio Cardoso, um dos fundadores do projeto, diz: “Não sou biólogo por formação, mas tive, inicialmente, a ajuda da bióloga e professora Shirley Pacheco de Souza, de São Sebastião, que me ensinou a fazer os registros de forma a poder usá-los de forma cientifica”.

Faça parte do nosso canal, acesse aqui.

As baleias são diferenciadas pela cauda, que funciona como uma espécie de digital. Com as fotos registradas, elas são enviadas para uma plataforma global de identificação por fotoidentificação.

Marcos Cará é empresário no ramo do turismo e trabalha com a descoberta de novas populações marítimas. Ele é parceiro do ProBaV e o registro da baleia Melina aconteceu durante um desses trabalhos. “Eu estava fazendo fotoidentificação. Aí eu tirei a foto da cauda, mandei para o Júlio. O Júlio anexou na plataforma e lá fez a leitura algorítmica da foto, identificou que ela não tinha sido registrada e aí eu tive a oportunidade de registrar ela com o nome da minha filha”. 

Durante o verão, as baleias permanecem nas águas da Antártida. No inverno, se deslocam por mais de 5 mil quilômetros para procriarem nas águas quentes do litoral brasileiro. Dados do Projeto Baleia à Vista apontam que, desde 2016, foram registradas mais de 1,2 mil baleias e golfinhos pela região. Somente no catálogo do projeto são 530 baleias jubarte identificadas por foto. Desse total, cerca de 50 foram avistadas novamente no litoral norte ou em outros lugares.

Julio Cardoso explicou ainda que o projeto atua na conscientização e preservação ambiental. “Nós ajudamos também as prefeituras nas campanhas e cursos de treinamento dos operadores de turismo. Até mesmo público em geral em relação às regras para avistamento de cetáceos etc.”. 

Avistamento de cetáceos x turismo

O turismo de avistamento de cetáceos tornou-se um fomento para a economia do litoral norte por ser um período de baixa temporada. Segundo o ProBaV, este ano há uma alta procura neste ramo de atividade. Além de aumentar a arrecadação do município, o segmento tem se transformado em uma ferramenta importante para aumentar a consciência da população. “É importante para proteger a nossa fauna marinha e a natureza em geral. Além disso, ajuda muito nas pesquisas científicas, pois os turistas e os operadores nos ajudam fazendo fotoidentificação de baleias e enviando para nosso catálogo, aumentando a amostra que temos”, ressalta Cardoso.

Para o proprietário da Maremar Passeios, Marcos Cará, o turismo de observação é uma experiência que traz benefícios para todos os setores. “É hotel que o turista vem para ver baleia. É restaurante, é supermercado, é guia. É toda a cadeia do turismo que movimenta, porque a operação é uma operação muito grande. A gente tem que abastecer os barcos. Tem que colocar os biólogos a bordo”. 

Regras

O turismo de observação deve seguir algumas regras para que possa ser realizado. As embarcações precisam ser previamente cadastradas e com toda tripulação capacitada para cumprir as normas de avistagem, que determinam como proceder na aproximação de cetáceos. Há limite de duas embarcações por cada grupo de baleias, com aproximação máxima de 100 metros dos animais, motor neutro e permanecer no local por, no máximo, meia hora.

No caso de uma baleia ser avistada no canal de São Sebastião, é emitido um alerta vermelho para que as balsas e demais embarcações reduzam a velocidade e redobrem a atenção.

Estéfani Braz

Estéfani Braz

Formada em Comunicação Social na Faculdades Integradas Teresa D'Ávila

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!