PRESERVAÇÃO

Bertioga define candidatas a ave símbolo e mostra seu potencial de birdwatching

Espécies destacadas para concorrer ao título de ave símbolo da cidade nunca foram homenageadas e podem ser vistas sem muita dificuldade no município

Mayumi Kitamura
Publicado em 08/02/2024, às 15h45 - Atualizado em 16/02/2024, às 10h04

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As candidatas: surucuá-de-barriga amarela; gavião-pombo-pequeno; colhereiro; ferro-velho e martim-pescador miúdo - Reprodução
As candidatas: surucuá-de-barriga amarela; gavião-pombo-pequeno; colhereiro; ferro-velho e martim-pescador miúdo - Reprodução

Cada vez mais, felizmente, as aves despertam o encanto e conquistam mais admiradores, que percorrem os melhores locais para avistar a sua ampla gama de espécies. Bertioga, no litoral de São Paulo, é um dos destinos naturais para a prática e deve aumentar ainda mais o seu potencial, com a escolha da sua ave símbolo. Isso porque, uma lista com cinco espécies foi elaborada, em parceria entre  o Clube de Observador de Aves de Bertioga (Coab), prefeitura e associações locais de profissionais de ecoturismo, com o intuito de fortalecer o ecoturismo e promover a preservação ambiental. 

Para a pré-seleção, explica o ornitólogo Marcelo Bokermann, supervisor da Reserva Natural Sesc Bertioga, e integrante do Coab, foram escolhidas aves que nunca foram homenageadas por qualquer cidade, estado ou até país, fáceis de serem observadas ou que tenham algum grau de risco de extinção, além de coloração diferenciada ou outro atrativo. “Bertioga é uma cidade turística com 90% de área preservada, que tem muita biodiversidade e, dentro dela, tem a diversidade das aves, que atrai muitas pessoas para observá-las. Esse tipo de atividade ajuda na conservação das espécies porque, quanto mais conhecemos as aves de uma região, mais ajudamos a conservá-las”, explicou.

A votação, por meio da internet, será aberta somente durante um dia, entre 25 e 30 de abril, ainda a ser definido pela prefeitura, mas as espécies já podem ser conhecidas para preparar a votação; são elas: gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus); surucuá-de-barriga amarela (Trogon viridis); martim-pescador-miúdo (Chloroceryle aenea); colhereiro (Platalea ajaja) e ferro-velho (Euphonia pectoralis).

O chefe do setor de ecoturismo de Bertioga, Aluízio Durço Bernardino, comentou que o processo promete envolver ainda mais a comunidade e a importância da preservação, com palestras e atividades lúdicas nas escolas municipais e material gráfico para distribuição nas demais instituições de ensino. “Assim, os alunos poderão conhecer um pouco mais sobre as aves candidatas à Ave Símbolo de Bertioga”, afirmou. A expectativa é que as atividades contem com a participação de monitores ambientais e integrantes do Coab, transformando os jovens também em multiplicadores. As características de cada ave candidata ao título, segundo descrições do site WikiAves, podem ser conferidas no fim da matéria.

Colhereiro (Platalea ajaja) - Por Quartl - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0
Gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus) - Por Hector Bottai - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0,
Surucuá de barriga amarela (Trogon viridis) - Hector Bottai - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0,
Martim pescador miúdo (Chloroceryle aenea) - Mdf - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0,
Ferro-velho (Euphonia pectoralis) - Rogério Peccioli de Queiroz - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0,

Ecoturismo

A expectativa da prefeitura é também de aprimorar a vocação de Bertioga como um destino de ecoturismo. “Ter uma ave símbolo irá fomentar ainda mais a procura na cidade por roteiros de ecoturismo de observação de aves. Lembrando que, mais de 80% da Mata Atlântica do município estão em área de preservação ambiental, o projeto fortalece o cuidado com o meio ambiente”, comentou Bernardino.

Entre os locais mais interessantes para se visitar e encontrar as aves listadas estão o mangue dos rios Guaratuba e Itapanhaú, trilhas de Guaratuba, São Lourenço e Itaguaré, conforme apontado pelo chefe do setor de ecoturismo. Ele destaca que, por se encontrarem em Unidades de Conservação, é necessário o acompanhamento de condutor de turismo autorizado pela prefeitura e  Fundação Florestal, que realiza a gestão dos parques Estadual Restinga de Bertioga (Perb) e Parque Estadual Serra do Mar (Pesm). A entrada a esses locais, sem monitor cadastrado, além de resultar em multa, pode apresentar diversos riscos para a integridade física e o meio ambiente.

Outro aspecto destacado por Bernardino é a chegada à cidade, nos últimos anos, de observadores de aves de todo o Brasil e até do exterior, que seguem as trilhas das aves que desejam fotografar, ou ver, pela primeira vez. “Com a divulgação de aves difíceis de observar, ou raras, nossa cidade vem aumentando a visitação para a busca desse ‘lifer’. Hoje, Bertioga conta com uma lista publicada em artigo científico de mais de 400 espécies de aves, entre endêmicas e migratórias”, finalizou.

Candidatas ao título de ave símbolo de Bertioga

Gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus)

Única espécie das candidatas que está, atualmente, ameaçada de extinção, o gavião-pombo-pequeno também é conhecido como gavião-pomba ou gavião-pombo (por sua semelhança com o pombo urbano), gavião-branco e gavião-soleiro. Seu nome científico (Amadonastur lacernulatus) deriva de uma homenagem ao ornitólogo americano, especialista em aves de rapina, Dean Arthur Amadon; do grego asterias, que significa falcão, e do latim lacernulatus, lacernula, lacerna, que remete à pequena capa ou manto. A junção do nome científico, então, seria algo como falcão de Amadon com pequena capa. A espécie possui de 43cm a 52cm de comprimento e envergadura de 96cm. Alimenta-se de aranhas, crustáceos, pequenas cobras, roedores, pequenos mamíferos, lagartixas, insetos, lagartas, aves e mocós. 

Surucuá-de-barriga-amarela (Trogon viridis)

A espécie, conhecida também como capitão-do-mato, curuxuá, surucuá-de-barriga-dourada, surucuá-de-cauda-branca e urukuá (nome indígena - Mato Grosso), tem seu nome científico (Trogon viridis) derivado do grego trôgón, trogo, relacionado a devorar, roer, e do latim viridis, que significa verde, resultando em algo como ave devoradora verde. A espécie mede aproximadamente 30cm de comprimento. Alimenta-se de frutos, lagartas, insetos e artrópodes capturados no alto das árvores.

Martim-pescador-miúdo (Chloroceryle aenea)

Também chamado de martim-pescador-pequeno, martim-pescador-anão, martinho, ariramba-miudinho, arirambinha, seu nome científico vem do grego khloros (verde) e ceryle (kerulo - ave da mitologia grega) e do latim aenea, aes, aeris, que remete a cor de bronze, resultando em algo como Ceryle verde bronzeado. A espécie mede 12,5 centímetros e pesa entre 11 e 16 gramas, sendo o menor dos martins-pescadores. Sua alimentação é baseada em peixes, crustáceos e anfíbios.

Colhereiro (Platalea ajaja)

Conhecido também como ajajá e colhereiro-americano, esta ave tem plumagem avermelhada; a  primeira porção de seu nome científico vem do latim platalea, que significa bico em forma de colher e do grego platea, que se refere a largo, seguido pelo tupi ayayá ou ajajá. A espécie mede entre 68,5 e 86,5 centímetros de comprimento e busca seu alimento (peixes, pequenos anfíbios, insetos, camarões, moluscos e crustáceos) mergulhando o bico e “peneirando” o conteúdo. 

Ferro-velho (Euphonia pectoralis)

É conhecido também como alcaide, gaita, gaturamo-rei (Minas Gerais), serrador, tieté, chincharra e chincharrinho. Seu nome científico vem do grego (euphonia, euphony), que remete à excelência do tom, e do latim (pectoralis, pectus), referente ao peito. A espécie mede cerca de 11,5cm e tem alimentação baseada em frutos e insetos.

Mayumi Kitamura

Mayumi Kitamura

Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá) e técnica em Processamento de Dados. Atua na área de comunicação há mais de 20 anos.

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