JARARACA-ILHOA

Jararaca da Ilha das Cobras vira tema de livro

Livro de autoria de pesquisador do Instituto Butantan fala sobre curiosidades da jararaca-ilhoa

Esther Zancan
Publicado em 26/03/2022, às 14h00 - Atualizado em 10/05/2022, às 09h20

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Jararaca-ilhoa teve uma evolução diferente da jararaca do continente para se adapatar ao ambiente da Ilha da Queimada Grande, conhecida como "Ilha das Cobras" Jararaca da Ilha das Cobras vira tema de livro Jararaca-ilhoa enrolada em cima de um galho - Otavio Augusto Vuolo/Instituto Butantan
Jararaca-ilhoa teve uma evolução diferente da jararaca do continente para se adapatar ao ambiente da Ilha da Queimada Grande, conhecida como "Ilha das Cobras" Jararaca da Ilha das Cobras vira tema de livro Jararaca-ilhoa enrolada em cima de um galho - Otavio Augusto Vuolo/Instituto Butantan

Sabia que a espécie de serpente conhecida como jararaca-ilhoa, natural da Ilha das Cobras, localizada no litoral sul de São Paulo, é um dos animais mais brasileiros que existem? Sim! E essa e outras curiosidades agora estão em um livro especial sobre a serpente famosa.

A jararaca-ilhoa foi descrita há mais de 100 anos pelo ex-diretor do Instituto Butantan e herpetólogo Afrânio do Amaral. E, em comemoração ao aniversário de sua descrição, o pesquisador Otavio Augusto Vuolo Marques, também do Butantan, lançou o livro “A Ilha das Cobras: biologia, evolução e conservação da jararaca-ilhoa”.

Como leva a crer o título, a publicação não é apenas uma homenagem à jararaca-ilhoa, mas também ao seu lar, a Ilha da Queimada Grande, conhecida popularmente como “Ilha das Cobras”.

Como se formou a Ilha das Cobras?

A formação da Ilha das Cobras tem total ligação com o surgimento da jararaca-ilhoa. Essa é uma das curiosidades que o livro descreve. A atual Ilha da Queimada Grande, durante a era glacial, há 18 mil anos, fazia parte do continente, pois o nível dos mares era mais baixo. 

Quando a temperatura do planeta começou a se elevar e, consequentemente, o nível dos oceanos também, o território da ilha acabou isolado. Sendo assim, um número de jararacas também acabou ficando isolado. 

Apesar de naquele momento da separação, as jararacas do continente e as ilhoas serem da mesma espécie, as que ficaram na ilha acabaram tendo uma evolução diferente. Elas precisaram se adaptar àquele ambiente restrito. Isso fez com que se formasse uma nova espécie.

Um exemplo da diferença entre ambas as espécies é a alimentação. A jararaca do continente, que habita a Mata Atlântica, come roedores e os caça no solo. Já a jararaca-ilhoa, em sua adaptação ao ambiente da ilha, desenvolveu hábitos arborícolas e se alimenta de aves que sobrevoam a Ilha da Queimada Grande.

Por esse fato de a jararaca-ilhoa ser uma espécie que nasceu de uma evolução acontecida no território do Brasil é que se diz que ela é um dos animais mais brasileiros que existem. A Ilha da Queimada Grande está localizada a 35 quilômetros da costa de Itanhaém, no litoral sul de São Paulo.

Extinção

Por ser uma espécie que só existe ali na Ilha das Cobras, a jararaca-ilhoa é muito visada pela biopirataria. Isso faz com que ela esteja ameaçada de extinção. Mesmo com o desembarque na Ilha das Cobras só permitido para pesquisadores e Marinha, existe até o sequestro de serpentes. O autor do livro conta que, uma de suas alunas, chegou a ser abordada por um interessado em comprar uma jararaca-ilhoa.

Pensando em salvar a espécie da extinção, Otavio, com autorização, coletou 20 espécies da serpente e levou para o Instituto Butantan, para criá-las em cativeiro. E, parece que vem dando certo: atualmente já há 50 jararacas-ilhoas por lá. 

O livro também fala sobre o projeto “Mão na Cobra”, que envolve a formação de professores de Itanhaém sobre a jararaca-ilhoa. Há planos ainda para que haja palestras dos próprios pesquisadores nas escolas do município sobre a importância da preservação da espécie. “A criança tem uma curiosidade intrínseca, isso é o que move a ciência. Esperamos que eles criem um vínculo com a jararaca-ilhoa”, explica Otávio.

Gosta dos bichinhos? A gente também. Saiba mais sobre as espécies na nossa seção Mundo Animal

*Com informações de Instituto Butantan

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