INVASÃO

Moradores do Jardim Vicente de Carvalho saíram à rua em manifestação

Manifestantes deixaram a sessão da Câmara Municipal com os ânimos acirrados e decidiram ir a um evento de que o prefeito e quatro vereadores participavam; tudo acabou sem qualquer tipo de violência

Estela Craveiro
Publicado em 31/10/2018, às 14h47 - Atualizado em 23/08/2020, às 17h46

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Manifestantes do Jardim Vicente de Carvalho - Estela Craveiro
Manifestantes do Jardim Vicente de Carvalho - Estela Craveiro

A noite de terça-feira, 30, foi tumultuada para os moradores da área de mangue invadida no fundo do Jardim Vicente de Carvalho, que terão que desocupar em breve, cumprindo determinação da Justiça emitida na segunda-feira, 29.

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Cerca de cem pessoas, representantes das 132 famílias que hoje lá residem, foram à sessão semanal da Câmara Municipal de Bertioga em busca de apoio para mais uma tentativa de alongar o prazo de saída, reivindicação que já havia sido descartada pelo promotor público Caio Augusto de Castro Gonçalves.

Com muitas crianças pequenas, aparentando ter entre dois e cinco anos, elas lotaram o plenário. Começaram cantando o Hino Nacional Brasileiro no momento em que o vereador Ney Lyra (PSDB), presidente da Câmara Municipal de Bertioga, abria a sessão.

Os cinco parlamentares que compareceram à sessão fizeram rapidamente a apresentação de seus trabalhos, indicações em maioria. Os vereadores Valeria Bento (MDB), Matheus Rodrigues (DEM), Silvio Magalhães (PSB) e Biró (PTB) se pronunciaram a respeito do problema da reintegração de posse prevista, como Ney Lyra. Todos foram muito aplaudidos. Até aí, tudo correu tranquilamente.

Entenda o caso: 

“Mais seria melhor”

Mas os ânimos se acirraram quando, após encerrar a sessão, Ney Lyra deu a palavra aos representantes dos moradores da área em questão. Antes que o líder comunitário Zezinho Reis se pronunciasse, falou a jovem Diana: “Eu gostaria de saber por que os outros vereadores se acovardaram de estar aqui com a gente e nos apoiar. Não se esqueçam que fomos nós que elegemos vocês”.

Ela se referia aos quatro vereadores ausentes: Dr. Arnaldo (PV), Eduardo Pereira (SD), Luís Henrique Capellini (PSD) e Carlos Ticianelli (PSDB), líder do prefeito Caio Matheus na casa legislativa. Visivelmente constrangido, Ney Lyra, tentou dissuadi-la da ideia desse discurso de cobrança.

Lyra lembrou que diversos vereadores, como ele, Valéria Bento, Matheus Rodrigues e Silvio Magalhães têm ido constantemente ao bairro, conhecido como Saoc,  e apoiado a luta dos invasores da área pública na tentativa de protelar a reintegração de posse.

Diante da argumentação da munícipe de que “mais seria melhor”, ele retomou a palavra e encerrou a manifestação.

A esta altura, as cerca de 100 pessoas começaram a gritar “queremos o prefeito” e, com a informação de que Caio Matheus e os quatro vereadores ausentes estariam em um evento no vizinho Sesc, para lá se dirigiram.

Ao chegar à portaria, constataram que eles não se encontravam no local. Valéria Bento e Matheus Rodrigues, que acompanharam as pessoas, se empenharam em acalmá-las, propondo que se tentasse falar com o prefeito no dia seguinte.

Mas, de posse da informação de que Caio Matheus e os vereadores se encontravam em evento de diplomação dos ambulantes que fizeram curso de manutenção de alimentos, na vizinha Escola Municipal José de Oliveira Santos, as pessoas para lá se dirigiram.

Ao chegar, encontraram três viaturas da Guarda Civil Municipal estacionadas em frente ao colégio, e começaram a gritar “queremos o prefeito”.

Sem violência

 Isso durou alguns minutos. O portão da escola foi fechado, e, algum tempo depois, aos poucos, começaram a sair os ambulantes que estavam no evento, algo assustados com o tumulto. A mobilização foi mantida até que as pessoas se dessem conta de que o prefeito e os vereadores já haviam se retirado do local, alguns minutos antes da chegada dos manifestantes.

Logo surgiu uma viatura da Polícia Militar (PM), que passou sem dificuldade entre as pessoas. Pouco depois, elas começaram a de dirigir para a esquina da rua com a avenida Anchieta. Simultaneamente, outra viatura da PM (PM) surgiu, entrando na rua, pela avenida, de forma um pouco abrupta.

Do veículo desembarcaram três policiais armados com uma espingarda calibre 12 de munição não letal, com balas de borracha, e equipamento próprio para arremesso de bombas de gás lacrimogênio. Mas, felizmente, nada disso foi usado.

Os PMs, que chegaram esperando tumulto maior, se mantiveram observando a situação, a esta altura já tranquila, sem gritos de palavras de ordem, com os ânimos das pessoas serenados.

A manifestação foi encerrada, e os participantes embarcaram em vans enviadas pelo vereador Silvio Rodrigues para levá-las de volta ao Jardim Vicente de Carvalho, dando prioridade às mulheres com crianças.

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