Saúde

Covid-19: Diferentes medidas devem ser adotadas por estados e municípios, diz Nelson Teich

O que não podemos é transformar isso em uma discussão política, complementa o ministro

Matheus Alves
Publicado em 08/05/2020, às 14h20 - Atualizado em 23/08/2020, às 22h53

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Reprodução/Internet
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O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse hoje, 7, que o governo não tem uma regra geral para todo o país sobre a necessidade do isolamento social. Segundo ele, diferentes medidas devem ser adotadas por estados e municípios a depender do avanço do novo vírus chinêsem cada local.

“A gente tem desde medidas mais simples, que vão passar principalmente por distanciamento social, higiene das mãos, uso de álcool em gel e das máscaras, até situações em que vai ter que ter o lockdown [fechamento total, confinamento]. O problema é que não dá para trabalhar essa discussão como se o lockdown fosse a essência de tudo”, disse o ministro, ao ser questionado sobre qual a orientação do governo sobre o isolamento social.

De acordo com Teich, o ministério elaborou uma “matriz de riscos” para orientar os entes federados nas medidas. A matriz leva em conta critérios como a incidência e o crescimento da doença no local, a estrutura disponível, como hospitais, leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e ambulatórios para tratar os casos do novo vírus chinêse os recursos humanos disponíveis.

“Com isso, a gente avalia o quão difícil vai ser para a estrutura suportar o crescimento [da doença]. A partir daí, você define se tem que segurar muito o número de casos novos e aí você pode ter que chegar a situações extremas como o lockdown”, disse Teich. "O que não podemos é transformar isso em uma discussão política, é uma discussão técnica. Vai ter uma situação para cada lugar e cada momento", acrescentou.

De acordo com o ministro, caberá a estados e municípios decidir qual o tipo de medida, inclusive o lockdown, deve ser adotada. “A orientação geral hoje é que se analise cada região com base nas variáveis, lembrando que essa é uma decisão local de estados de municípios”, afirmou.

A medida foi adotada no Maranhão na última terça-feira, 5, por determinação judicial, em quatro municípios da região metropolitana de São Luís.

O lockdown também foi anunciado pelo governo do Pará, em 10 cidades, e vai funcionar de hoje até o próximo domingo, 9, de forma "educativa". Depois, punições poderão ser aplicadas em caso de descumprimento até o domingo, 17.

No Ceará, a capital Fortaleza, decretou a partir de amanhã, 8, a proibição da circulação de pessoas" em locais ou espaços públicos, "salvo quando em deslocamentos imprescindíveis para acessar as atividades essenciais".

"Estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (DataSUS) mostra que os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará e Maranhão apresentavam no ano passado os menores índices de distribuição de médicos para cada 100 mil habitantes entre todos os estados do país.

Recursos necessários para o combate da Covid-19, como leitos e ventiladores mecânicos, também eram baixos em diversos estados daquelas regiões.Com quase 10 mil casos confirmados da Covid-19 e 751 mortes registradas desde o início da pandemia, o Amazonas tinha em dezembro 111 médicos para cada 100 mil habitantes. Como comparação, o Distrito Federal – que apresenta os melhores índices – possuía mais que o triplo: 338 médicos para cada 100 mil habitantes."

"Segundo o IBGE, em dezembro do ano passado o Piauí apresentava a menor oferta de leitos de UTI entre todos os estados: apenas 7,1 para cada 100 mil habitantes. Amazonas (7,0), Acre (5,4), Amapá (5,4) e Roraima (4,1) vinham na sequência.A pouca oferta de respiradores é outro aspecto que fica evidente. Os estados que apresentaram os menores índices de distribuição dos aparelhos para cada 100 mil habitantes foram o Acre (16,3), Alagoas (15,2), Maranhão (13,9), Piauí (13 7) e Amapá (10,4). Novamente, o Distrito Federal era o mais bem servido, com 63 aparelhos disponíveis para cada 100 mil."

Texto escrito por: Luciano Nascimento/Agência Brasil

"Essa ponderação do ministro é de suma importância. Uma diretriz que já deveria ter sido dada", comenta Enio Xavier, apresentador do Jornal da Praia.

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