INCÊNDIO

Cubatão relembra os 40 anos da tragédia da Vila Socó

Incêndio na Vila Socó começou em 24 de fevereiro de 1984 e deixou um saldo oficial de 93 mortos, mas estimativas falam em até 500 vidas perdidas

Redação
Publicado em 22/02/2024, às 09h32 - Atualizado às 09h58

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Combustível vazou de um oleoduto que passava sob a Vila Socó - Reprodução/Internet
Combustível vazou de um oleoduto que passava sob a Vila Socó - Reprodução/Internet

Era a noite de 24 de fevereiro de 1984, quando um vazamento de combustível de um oleoduto, no mangue que passava sob a comunidade da Vila Socó, em Cubatão (atual Vila São José) deu início a um incêndio sem precedentes. As chamas se alastraram rapidamente pelas moradias de madeira, quando muitos moradores já estavam dormindo, trasformando o local em um pesadelo de fogo. O saldo oficial foi de 93 mortos, mas, até hoje, há contestações sobre esse número, e algumas estimativas falam em até 500 vidas perdidas, no que ficou conhecida como a tragédia da Vila Socó. 

E, quando se completam 40 anos da tragédia cravada na história de Cubatão, a prefeitura da cidade realizará homenagens em memória às famílias atingidas pelo incêndio. No domingo (25), às 9  horas, será celebrado um ato ecumênico no Centro Comunitário da Vila São José (rua São Francisco de Assis, 470). O evento contará com a presença de autoridades das igrejas católica, evangélica e outras denominações e religiões, que lembrarão os mortos na tragédia e a importância da luta por justiça. O ato será encerrado com um minuto de silêncio, em memória dos mortos. Às 10 horas, ocorrerá o depósito de flores no monumento construído em homenagem às vítimas.

Já na segunda-feira (26), às 17 horas, será realizada uma sessão solene da Comissão à Memória, à Verdade e à Justiça, grupo que completa 10 anos de existência e apura o ocorrido no incêndio. O evento será no auditório da Ordem dos Advogados (OAB) de Cubatão, na rua São Paulo, 260, Jardim São Francisco.

Rescaldo do incêndio na Vila Socó
Chamas foram tão intensas que, até hoje, há divergências sobre número total de vítimas - Reprodução/Internet

Ensinamentos

A prefeitura de Cubatão lembrou os ensinamentos absorvidos pela municipalidade, com a tragédia de 1984. A administração municipal destacou a proteção da vida humana e da preservação do meio ambiente, uma vez que as medidas tomadas, após o incêndio, entrelaçaram-se com ações assumidas em prol da recuperação ambiental do município.

O fato, inclusive, culminou com o reconhecimento mundial de Cubatão como Cidade Símbolo de Recuperação Ambiental, na ECO-92, conferência das Nações Unidas (ONU) pelo meio- ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Segundo a prefeitura, "ficou a responsabilidade compartilhada pelo poder público e indústrias, em gerar desenvolvimento econômico e progresso industrial em harmonia com o meio ambiente, protegendo a comunidade".

De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Cidadania (SSPC), após a tragédia, toda a área da Vila Socó foi aterrada, inclusive a tubulação, além de controle rigoroso da mesma, por meio de sofisticados equipamentos que monitoram a pressão e a resistência dos tubos, diariamente, incluindo as condições climáticas, além da ampla sinalização da área.

Segundo especialistas, a tragédia foi um marco para a área de emergência na época. A SSPC informou, também, que, a partir do incêndio, foram intensificados os sistemas de apoio para respostas mais rápidas e eficientes, envolvendo todas as indústrias do parque industrial. Entre as medidas implantadas estão:

  •  Plano de Auxílio Mútuo (PAM), embora existente desde 1978, só passou a funcionar efetivamente na década de 1980, tornando-se referência regional. O plano mantém um sistema de combate a acidentes de qualquer natureza, que possam colocar em risco vidas, meio ambiente, patrimônio público ou privado, no polo e na Baixada Santista;
  • Plano de Contingência que envolve todas as secretarias municipais da prefeitura de Cubatão, preparadas para responder a eventuais emergências semelhantes.

Após o incêndio, a Petrobras construiu, por meio de convênio com a prefeitura, um núcleo residencial  composto por 400 casas, na Vila São José. Sobreviventes da tragédia da Vila Socó foram indenizados e passaram a habitar o local, que foi totalmente urbanizado, e recebeu escola, creche, posto de saúde, infraestrutura urbana e calçamento.

A partir de 2017, o bairro passou por processo de regularização fundiária e, em 2019, as 400 famílias iniciaram o processo de recebimento das escrituras definitivas de seus imóveis, tornando-se oficialmente proprietárias do terreno. A Vila São José possui cerca de cinco mil moradores, atualmente.

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