CURIOSIDADES

Verão em Praia Grande: conheça a origem dos nomes das praias da cidade

Com mais de 22km de extensão, a orla de Praia Grande tem, em cada pedacinho seu, um “fã-clube” fiel e muita história para contar

Esther Zancan
Publicado em 22/12/2023, às 10h44 - Atualizado às 11h05

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Orla de Praia Grande vai do Canto do Forte até Solemar - Divulgação/Associação Comercial e Empresarial de Praia Grande
Orla de Praia Grande vai do Canto do Forte até Solemar - Divulgação/Associação Comercial e Empresarial de Praia Grande

Já estamos no verão! A época mais aguardada do ano no litoral de São Paulo teve início às 00h27 dessa sexta-feira, 22 de dezembro. E, quando se fala em verão e litoral paulista, uma cidade é a primeira lembrança de muita gente: Praia Grande. Não é para menos, afinal, o município conta com uma orla de mais de 22km de extensão e é considerado o quarto destino turístico mais procurado do Brasil. E cada pedacinho dessa orla de mais de 22km  tem seu “fã-clube”. Do Canto do Forte até  Solemar, gente de muitos lugares vem para o sempre aguardado encontro com o mar, o que torna as areias da cidade um espaço ultrademocrático, no qual todos são bem-vindos.

E, com tanta gente visitando Praia Grande ou mesmo escolhendo o município como moradia, é natural surgirem curiosidades sobre a cidade. Uma delas é: qual a origem dos nomes de suas praias? Bem, como todas as praias de Praia Grande levam o nome do bairro em que se encontram, pode parecer meio óbvio. Mas há alguns detalhes interessantes por trás de cada um deles. Alguns são de domínio público, já outros, o Portal Costa Norte foi buscar com o  historiador praia-grandense Claudio Sterque. Embarque nessa viagem pela orla de Praia Grande.

Canto do Forte: a primeira praia de Praia Grande, no sentido Ponta de Itaipu- Mongaguá,  estende-se da praia particular da Fortaleza de Itaipu, sede do 2º Grupamento de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro, até a praia do Boqueirão. Sterque conta que aquela área chamava-se Canto do Itaipu e que, apenas quando teve início a construção da Fortaleza, em 1902, é que passou a se chamar Forte. Com o tempo, ganhou o nome atual, Canto do Forte.

Imagem aérea do Canto do Forte em 1979
Vista aéra do Canto do Forte em 1979 - Acervo Museu da Cidade

Boqueirão: a praia do Boqueirão com certeza é uma das mais famosas de Praia Grande. É um ponto de encontro da cidade, pelo fato de, no bairro, ficar a avenida Presidente Costa e Silva, importante via de comércio de Praia Grande. Sterque explica que, antigamente, havia o Caminho do Rei, uma via que saia do Portinho (área de lazer às margens do Mar Pequeno) e ia até a atual avenida Costa e Silva, na esquina com a avenida Presidente Castelo Branco (avenida da orla), formando o que se chama, na geografia, de um “boqueirão”, uma grande abertura com uma vista à direita quase infinita.

Orla do Boqueirão na década de 1980
Orla do Boqueirão na década de 1980 - Roberto Antonio/Acervo Claudio Sterque

Guilhermina: localizada entre as praias do Boqueirão e da Aviação, a praia da Guilhermina homenageia Guilhermina Guinle, matriarca da família Guinle, que obteve, em 1888, a concessão para a construção do porto de Santos. Mas você deve estar curioso sobre qual a ligação com Praia Grande. Bem, Sterque explica que um dos sócios do empreendimento imobiliário, que deu origem ao bairro Guilhermina, era Eduardo Guinle. Ele adquiriu a área junto com seu irmão e com o empresário Heitor Sanchez, no mesmo ano em que a matriarca dos Guinle faleceu, em 1925. Daí surgiu a homenagem.

Av. Guilhermina na década de 1920
Avenida Guilhermina no final da década de 1920 - Acervo Claudio Sterque

Aviação: talvez a praia com o nome mais óbvio de Praia Grande. A praia da Aviação deve seu nome ao icônico Campo da Aviação, que ficava localizado nesse pedaço da orla de Praia Grande. O que pouca gente sabe é que o Campo da Aviação teve uma história repleta de episódios para lá de interessantes. O espaço chegou a ser campo de pouso da empresa francesa Latecòere, que mais tarde deu origem à Air France. Também recebeu figuras célebres, como o aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, autor de o Pequeno Príncipe. Depois de muitos anos abandonado, o terreno do Campo da Aviação tem recebido empreendimentos imobiliários e comerciais;

Campo da Aviação em 1961
Campo da Aviação em 1961 - Acervo de Solange Galante

Vila Tupi: pelo fato de o bairro Vila Tupi ter a maioria de suas ruas com nomes que homenageiam tribos indígenas, muitos podem pensar que o nome da praia vem daí. Mas não. Sterque explica que os loteadores do bairro eram da Tupy Imobiliária, uma empresa da capital paulista. Até por isso, ainda atualmente, muita gente escreve o nome do bairro como Vila Tupy, com “y”. Apenas a partir de 1974 é que suas ruas e avenidas ganharam nomes de nações e tribos indígenas.

Ocian: um dos bairros mais tradicionais de Praia Grande, o Ocian, ou Cidade Ocian, surgiu antes mesmo da emancipação de Praia Grande, em 1967. Ocian é a sigla de Organização Construtora e Incorporadora Andraus, que, em 1955, começou a construir o icônico conjunto de 22 prédios e 1.350 apartamentos que deu origem ao bairro, na avenida D. Pedro II. Então, não tem nada a ver com “Ocean”, como muitos pensam até hoje.

Cidade Ocian fim da década de 1950
Orla da Cidade Ocian no fim da década de 1950, com o conjunto de prédios que deu origem ao bairro ao fundo - Acervo Claudio Sterque

Mirim: o nome do bairro e da praia da Vila Mirim tem origem na Umbanda. Sterque explica que tudo começou em 1928, quando, no Rio de Janeiro, surge uma entidade que pretendia dar um novo rumo à religião de matriz africana, um sentido de união e perdão, além de boas práticas religiosas. Caboclo Mirim era o nome dessa entidade. Os umbandistas escolheram a região localizada entre as praias da Cidade Ocian e Vila Caiçara, em Praia Grande, para os seus trabalhos, e a denominam como o espaço para o renascimento dessa religiosidade, que se expandiu a partir dos anos de 1950. É na orla da Mirim que fica a tradicional estátua de Iemanjá e também em suas areias ocorrem os festejos em homenagem à Rainha do Mar. 

Orla do bairro Mirim na década de 1960
Festejos de Iemanjá na orla do bairro Mirim no fim da década de 1960 - Acervo Claudio Sterque

Vila Caiçara: outro bairro bastante tradicional de Praia Grande, a Vila Caiçara recebeu um nome que tem tudo a ver com a “vibe” praiana. De acordo com Sterque, a designação foi dada pelos loteadores do bairro, isso ainda na década de 1940. O bairro é conhecido por ter muitas de suas ruas com nomes de santos católicos;

Balneário Flórida: o Balneário Flórida, ou apenas Flórida, deve seu nome ao empresário Heitor Sanchez, que foi o loteador do bairro, nos anos de 1950. A inspiração para o nome veio depois de uma viagem que ele fez para o estado americano da Flórida. Na década de 1970, a professora e fomentadora cultural de Praia Grande, Graziella Sterque (já falecida), mãe de Claudio Sterque, escolheu nomes de flores para as ruas e avenidas do bairro;

Balneário Flórida na década de 1950
Balneário Flórida na década de 1950 - Acervo Claudio Sterque

Solemar: Tal e qual a Vila Caiçara, o bairro  Solemar também recebeu um nome que tem tudo a ver com o litoral. Última praia da cidade, já na divisa com Mongaguá, deve seu nome ao pioneiro Julio Secco de Carvalho, fundador do bairro. Ele observou que a paisagem da localidade era composta por sol e mar, e assim ficou “Solemar”. 

Já as praias/bairros do Balneário Maracanã e Jardim Real não possuem referência sobre suas designações, segundo Sterque. O Balneário Maracanã, que fica entre a Vila Mirim e a Vila Caiçara, leva esse nome desde a década de 1950. 

E, para quem gosta de história e de Praia Grande, não pode deixar de conferir a página de Claudio Sterque no Facebook (Historiador PG). Sterque possui um acervo de fotos antigas de Praia Grande impressionante, que tem tudo para emocionar desde os mais jovens até o pessoal da melhor idade. 

Esther Zancan

Esther Zancan

Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.

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