Segundo o climatologista Rodolfo Bonafim, a sensação de calor será a marca desse verão com El Niño; saiba também como serão as chuvas na estação
Esther Zancan
Publicado em 22/12/2023, às 08h00
Já é verão! A estação mais quente do ano teve início na madrugada da sexta-feira, 22 de dezembro, às 00h27. Mas, como será que vai ficar o clima no litoral de São Paulo, já que este verão estará sob os efeitos do tão falado e temido fenômeno El Niño? Para saber todos os detalhes, o Portal Costa Norte bateu um papo com o consultor em climatologia da ONG Amigos da Água, Rodolfo Bonafim.
Bonafim contou que, devido ao El Niño e às mudanças climáticas, o verão deve registrar temperaturas acima da média, como na primavera. Os meses mais quentes devem ser janeiro e fevereiro, mas podem ocorrer episódios de calor até abril, já que o El Niño deve se estender até abril de 2024, mas já não será tão forte quanto no início do ano.
O climatologista enfatizou que, no litoral de São Paulo, as temperaturas não serão tão altas quanto as do interior de São Paulo e do Centro-Oeste do Brasil. Mas o fato é que, historicamente, o verão é bastante quente no litoral paulista, mais devido à sensação de calor. Bonafim dá como exemplo o que ocorreu nesta semana. As temperaturas no litoral não ultrapassaram os 34 graus, que, apesar de ser calor, não é nada muito fora do comum para a época. Só que a sensação térmica chegou a 43, 44 graus em alguns locais, devido à umidade relativa do ar. A umidade tem girado em torno de 60 a 65% durante o dia, o que é muita coisa. “A sensação de calor vai ser a marca deste verão aqui na nossa região”, frisou.
A previsão é que, em alguns dias do verão, a temperatura possa chegar aos 40 graus, mas a média deve ser de 33 a 34 graus, com a sensação de calor podendo chegar a 45 graus. Haja ventilador!
E será que vai chover muito neste verão? Bonafim disse que, agora, no fim do ano, a tendência é de um pouco mais de chuvas. Janeiro deve ter chuva um pouquinho acima da média, pois é o mês que mais chove no litoral de São Paulo. Já fevereiro tende a ser um pouquinho menos chuvoso. O climatologista alerta para as tempestades de raios. Ele explicou que o El Niño muda completamente os padrões atmosféricos, e a tendência é termos mais cargas elétricas na atmosfera durante o verão.
Ele lembrou ainda que não deve chover continuamente, a exemplo de outros anos, quando havia as zonas de convergência; serão chuvas pontuais, que podem ser muito perigosas, pois pode chover bastante em um curto espaço de tempo.
Bonafim contou também que, na verdade, temos dois “verões”: o verão climático e o verão astronômico. O verão climático já começou no início de dezembro. Já o astronômico é esse que começou na madrugada dessa sexta-feira, marcando o início do solstício de verão. E o que é esse tal de solstício de verão? Ele explicou que é quando o sol está a pino, quando não faz sombra ao meio-dia, atingindo o ponto mais alto de sua órbita no céu. Lembra que esse movimento é aparente, já que, quem se move de fato é a Terra.
“O solstício de verão marca o dia mais longo do ano e a noite mais curta. Conforme o verão vai avançando, as noites vão ficando um pouquinho mais longas e os dias um pouquinho mais curtos, até chegar no mês de março, no equinócio de outono, quando a duração do dia fica igual à duração da noite”, finalizou Bonafim.
Esther Zancan
Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.
