TURISMO

Volta ao tempo, história e mistérios. Conheça o lado cultural de Ilhabela

Passeio pelo centrinho de Ilhabela, a charmosa Vila, contempla história e muitos atrativos contemporâneos para usufruir no pós praia

Reginaldo Pupo
Publicado em 01/04/2024, às 10h25

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Vista geral da Vila de Ilhabela, com prédios da igreja matriz e do museu náutico ao fundo - Reginaldo Pupo
Vista geral da Vila de Ilhabela, com prédios da igreja matriz e do museu náutico ao fundo - Reginaldo Pupo

Quem pensa em Ilhabela logo visualiza imagens que remetem às suas belas praias de águas límpidas e cristalinas, suas dezenas de cachoeiras, além de outras belezas naturais. Com 85% de Mata Atlântica preservada, não é difícil imaginar quantos atrativos turísticos o maior arquipélago marítimo do Brasil oferece: ecoturismo, birdwatching, trilhas, história, bem-estar e relaxamento.

Após os passeios, durante o dia, os turistas costumam se concentrar, à noite, na Vila, o charmoso centrinho turístico-histórico da ilha. É onde estão localizados os bares, restaurantes, cafeterias, lojinhas de artesanato, sorveterias, pizzarias e lojas de grife. As crianças certamente irão amar a fonte interativa na praça Coronel Julião, na qual as águas “bailam” enquanto são jorradas. Irresistível não entrar para se molhar em dias quentes.

Além dos atrativos contemporâneos, a Vila também representa muita história, que começa antes mesmo de sua elevação à categoria de cidade. Há diversos atrativos gratuitos que podem ser visitados a pé.

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Um simples passeio pelos poucos quarteirões que formam o centro histórico de Ilhabela se transforma em uma verdadeira volta ao tempo, quando a ilha ainda era repleta de piratas e corsários. Até hoje existem quatro canhões que, há séculos, eram utilizados para defender a ilha dos ataques de piratas que chegavam pelo canal de São Sebastião. Naquela época, Ilhabela (que ainda não tinha esse nome) também era repleta de indígenas, os únicos habitantes do lugar.

Os canhões estão localizados ao lado do chamado Píer da Vila, estrutura utilizada pelos moradores locais para pesca com vara e pelo qual chegam os turistas de cruzeiros marítimos. É ali que moradores e turistas celebram o entardecer amarelado do outono e o pôr do sol.

píer da vila
O entardecer no pier da Vila é uma visão fantástica - Reginaldo Pupo

A poucos passos do local, bastando atravessar a rua,  encontra-se a sede da Fundaci (Fundação de Arte e Cultura de Ilhabela), na qual estão expostos trabalhos artesanais produzidos por moradores de comunidades tradicionais. A venda dos produtos garante renda extra a diversas famílias que vivem quase exclusivamente da pesca. O espaço, que tem entrada gratuita, funciona de segunda a sexta-feira,  das 8h às 17 horas.

Ao lado do prédio da Fundaci fica a rua do Meio, tradicional ponto boêmio da Vila, com barzinhos, restaurantes, sorveterias e receptivos turísticos. Como não há passagem de carros, é possível caminhar com tranquilidade e sentar-se nas estruturas montadas para essa finalidade, para tomar um sorvete ou açaí. Ou, simplesmente, jogar conversa fora.

Prédio da Fundaci e Rua do Meio, na Vila, em Ilhabela - Reginaldo Pupo
Prédio da Fundaci e rua do Meio, na Vila, em Ilhabela - Reginaldo Pupo

Museu retrata naufrágios

A um quarteirão da rua do Meio fica o Museu Náutico de Ilhabela. O lugar traça uma linha do tempo dos principais naufrágios registrados no entorno da ilha, onde também repousa o famoso 'Príncipe de Astúrias', considerado o “Titanic” brasileiro, que naufragou em 1916, causando centenas de mortes.

museu náutico de ilhabela
Museu Náutico de Ilhabela, localizado na Vila - Reginaldo Pupo

Fotos, painéis e até utensílios e equipamentos recuperados de algumas das embarcações, inclusive do “Titanic”, podem ser observados no museu, que funciona no prédio da antiga Cadeia e Fórum, hoje tombado pelo patrimônio histórico. Em tempos idos, o julgamento e a prisão ocorriam no mesmo prédio.

O acervo do museu reúne objetos de prata, talheres, cristais, faianças e peças de navios que afundaram a partir do século 18, nos arredores da ilha. Muitas peças, como âncoras, bússolas e escotilhas, foram recuperadas por mergulhadores e caçadores de tesouros ao longo do último século e estão expostas no museu, que funciona de segunda-feira a sábado, das 7h às 19h, com entrada gratuita.

Embora esteja localizado na praça Coronel Julião, o museu fica em frente à avenida Princesa Isabel. O nome do logradouro sempre reacende discussões entre os moradores a respeito de, se a princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, imperador do Brasil entre 1840 e 1889, de fato morou ou se passou alguns dias em Ilhabela, embora não haja nenhum registro, sequer, de que ela tenha pisado na ilha.

Uma das suspeitas de que a princesa viveu por ali surgiu a partir de 1805, quando o lugar se tornou município, após emancipar-se de São Sebastião. A hoje conhecida Ilhabela passou a se chamar Vila Bela da Princesa. Por esse motivo, muitos acreditam que a homenagem se referia à princesa Isabel, mas, na verdade, a homenageada era a primogênita do rei Dom João.

Igreja matriz

Em frente à praça Coronel Julião, na qual fica o Museu Náutico, encontra-se  a igreja matriz Nossa Senhora D’Ajuda e Bom Sucesso, erguida pelo vigário Manuel Gomes Pereira Marzagão, por volta de 1706. A santa é a padroeira de Ilhabela. Atualmente, situa-se numa colina com uma vista privilegiada aos pés do morro do Baepi, na Vila.

Igreja Matriz de Ilhabela
Igreja Matriz Nossa Senhora SÁjuda, na Vila de Ilhabela - Reginaldo Pupo

O seu interior é amplo, com 40 metros de comprimento por 10 metros de largura. O piso de mármore é procedente da Espanha, Minas Gerais e Santa Catarina.  Possui forro pintado a óleo, que reproduz Nossa Senhora D’Ajuda. O ornamento com réplica exata da antiga igreja da Sé, em São Paulo, complementa a decoração junto aos trinta e cinco degraus, que conduzem à igreja, com as imagens de São Sebastião, São Benedito e São Paulo, em suas laterais. Foi reformada em meados do século XX, por Alfredo Oliani.

O seu interior abriga um belo painel dedicado à Nossa Senhora D’Ajuda. Todo ano, no dia 2 de fevereiro, ocorre a festa da padroeira, que se estende por todo o mês com festas, quermesses e comidas típicas.

Como chegar a Ilhabela

De carro, somente é possível chegar pelo serviço de travessia por balsas. Com exceção de finais de semana e feriados prolongados, a média de espera é de 30 minutos. As embarcações saem de São Sebastião a cada 30 minutos, mas, em feriados prolongados, o DH (Departamento Hidroviário), responsável pela travessia, não cumpre os horários para desafogar a fila de carros. Ou seja, basta as balsas completarem sua capacidade para zarparem.

balsa ilhabela no meio do canal
Balsa na travessia de Ilhabela para São Sebastião - Reginaldo Pupo

Pedestres e ciclistas não pagam para atravessar. Eles podem fazê-lo pelas balsas ou pelas lanchas exclusivas, também gratuitas, e podem levar bicicletas. As embarcações para pedestres são dotadas de poltronas e ar climatizado.

Já veículos e camionetes pagam um pedágio de R$ 19,00, de segunda a sexta-feira, e R$ 28,50 aos sábados, domingos e feriados. Motocicletas pagam R$ 9,50 nos dias úteis e R$ 14,20 aos sábados, domingos e feriados. O pagamento é feito no embarque para Ilhabela. No sentido oposto (retorno) não há pagamento de tarifa.

Há uma maneira legalizada de “furar” a fila, utilizando o serviço Hora Marcada,  disponibilizado no site do Departamento Hidroviário, com pagamento via cartão de crédito, mas o preço é bem salgado e é cobrado tanto na ida, quanto na volta.

Em dias úteis, carros e camionetes pagam R$ 65,30, no sentido São Sebastião-Ilhabela, e R$ 46,40, no sentido oposto. Aos finais de semana e feriados, o valor sobe para R$ 98,00 sentido São Sebastião-Ilhabela e R$ 69,50 para retornar.

Distâncias

Ilhabela está localizada a 91,5km de Bertioga; 210km, de São Paulo; a 121,5km, de São José dos Campos e a 457km do Rio de Janeiro (pela rodovia Presidente Dutra). Para quem sai de Bertioga, basta apenas acessar a rodovia Rio-Santos (SP-55) até São Sebastião. Já para quem parte da capital paulista, as opções são a rodovia Mogi-Bertioga e rodovia dos Tamoios. Ambas terminam na Rio-Santos. Já para quem parte do Rio de Janeiro, as opções são a rodovia Presidente Dutra e Rio-Santos.

Endereços e contatos

  • Museu Náutico de Ilhabela - praça Coronel Julião, 115 - Vila, Ilhabela (SP) - Telefone (12) 3896 3757;
  • Igreja matriz Nossa Senhora D´Ajuda – rua da Padroeira, 2 – Vila, Ilhabela (SP) - Telefone (12) 3896 3761;
  • Fundaci (Fundação de Arte e Cultura de Ilhabela) - rua Dr. Carvalho, 80 – Vila, Ilhabela (SP) | Telefone (12) 3896 1571;
  • Serviço de travessia de balsas (Departamento Hidroviário) - 0800 7733 711.

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